Emmanuel Macron anunciará “iniciativas” em 17 de abril para celebrar o bicentenário do reconhecimento da independência do Haiti pela França, condicionada ao pagamento de uma enorme indenização que dificultou o desenvolvimento da primeira república negra livre do mundo, declarou o governo francês nesta quinta-feira (10).
“O presidente da República indicou que nosso passado comum não deve ser esquecido e é responsabilidade da França fazer viver a memória da escravidão em território nacional e no Haiti”, declarou o ministro das Relações Exteriores, Jean-Noël Barrot, no Senado.
As “iniciativas serão anunciadas em 17 de abril” pelo presidente francês, acrescentou sem dar mais detalhes.
Após uma revolta vitoriosa dos escravizados, o Haiti proclamou sua independência em 1° de janeiro de 1804, mas o rei da França, Carlos X, só a reconheceu em 17 de abril de 1825.
Em troca do reconhecimento, o rei impôs, sob a ameaça de sua frota, muitas condições, entre elas o pagamento de uma indenização de 150 milhões de francos-ouros aos ex-colonos e proprietários de escravizados.
O Haiti teve que recorrer a empréstimos a altas taxas ante bancos franceses para pagar o montante, o que levou várias décadas.
Segundo as autoridades haitianas, essa indenização explicaria em parte as dificuldades do país para sair do subdesenvolvimento.
O Haiti, o país mais pobre das Américas, é afetado pela violência das gangues criminosas, em um contexto de instabilidade política e corrupção endêmica.
Recebido no final de janeiro por Emmanuel Macron, o presidente haitiano interino, Leslie Voltaire, afirmou que seu contraparte “falou da restituição e da reparação dessa dívida, o que, no entanto, não figurou no relatório sobre o encontro da presidência francesa.
Barrot também defendeu “um maior envolvimento das Nações Unidas” com vistas ao restabelecimento da ordem no Haiti.
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