O presidente francês, Emmanuel Macron, fez, nesta terça-feira (16), uma reforma em seu gabinete, com a qual espera dar um novo impulso à sua Presidência e tentar conter a queda de sua popularidade nas pesquisas.

A reforma foi anunciada duas semanas depois da inesperada demissão do titular do Interior, Gérard Collomb, que será substituído por Christophe Castaner, um dos mais fiéis aliados do presidente.

Em mensagem pré-gravada e difundida na noite de terça pela TV, Macron disse que “ouve as críticas” e assegurou que não há “nem volta atrás, nem mudança de rumo” em sua política.

“Podem estar certos de que meu desejo de ação não perdeu nada de sua intensidade”, é “ainda mais forte agora”, afirmou.

Castaner, ex-militante socialista, ocupava a secretaria de Relações com o Parlamento e era o delegado geral do partido criado por Macron, A República em Marcha (LREM).

Em sua nova função, Castaner terá como principal auxiliar Laurent Nuñez, titular da Direção Geral de Segurança Interna (DGSI), designado secretário de Estado.

O deputado de centro-direita Franck Riester foi nomeado ministro da Cultura em substituição a Françoise Nyssen, envolvida em um escândalo pela reforma da sede de sua editora.

O centrista Marc Fesneau, líder da bancada parlamentar MoDem, foi designado ministro das Relações com o Parlamento, cargo anterior de Castaner.

Sua colega de partido Jacqueline Gourault assumirá o ministério da Coesão dos Territórios, cargo ocupado até agora por Jacques Mézard.

O ex-senador socialista Didier Guillaume será o novo ministro da Agricultura.

Emmanuel Macron reorganizou seu governo para constituir “uma equipe renovada, dotada de um segundo impulso, mas cujo mandato político continua sendo o mesmo”, destaca um comunicado do Palácio do Eliseu, sede da Presidência.

“Esta equipe de governo vai inscrever sua ação na continuidade política desenvolvida pelo governo e do calendário de reformas dos próximos meses”, acrescentou.

Analistas expressaram suas dúvidas de que esta reforma mude significativamente a percepção dos franceses sobre seu governo.

“É uma reforma muito técnica… O que significa que é pouco provável que desperte paixões”, destacou Chloé Morin, analista da empresa de pesquisas Ipsos.

– Lealdade –

A renúncia de Collomb em 3 de outubro abriu uma nova crise no governo de Emmanuel Macron, cuja popularidade está em queda livre, pouco mais de um ano depois de chegar ao poder.

A relação de Macron com Collomb piorou com o “caso Benalla”, sobrenome do ex-agente de segurança do presidente que foi filmado agredindo manifestantes durante os protestos de 1º de maio.

Convocado a comparecer a uma comissão de inquérito no Parlamento, Gérard Collomb se defendeu da acusação de ter acobertado Alexandre Benalla e atribuiu a má gestão do caso à presidência, que não informou os fatos à justiça.

Antes de Collomb, o popular ministro da Ecologia Nicolas Hulot renunciou ao cargo em agosto, sem aviso prévio, durante uma entrevista na qual afirmou que estava sozinho nas questões de meio ambiente.

Outra figura popular, a ministra dos Esportes Laura Flessel, também já havia deixado o governo.

O nome de Christophe Castaner, ex-deputado socialista e um dos maiores aliados de Macron, era citado há vários dias como um possível substituto de Collomb, que deixou o governo e retornou ao cargo de prefeito de Lyon.

Castaner, 52 anos, foi recompensado por sua lealdade ao presidente, que conheceu em 2013 quando este último era secretário-geral do Palácio do Eliseu e ele, deputado.

Castaner apoiou Macron desde o início de sua improvável campanha pela presidência.

O novo governo é formado 34 pessoas, incluindo 17 mulheres, em respeito ao princípio de paridade de sexos, um desejo de Macron e do primeiro-ministro Edouard Philippe, destacou o Palácio do Eliseu.

Emmanuel Macron e o premiê Edouard Philippe quiseram respeitar “os equilíbrios entre homens e mulheres, políticos e membros da sociedade civil e direita e esquerda”, como no começo do quinquênio, acrescentou o Eliseu.

Ex-banqueiro de investimentos, Macron sacudiu a velha política francesa em 2016, criando um movimento nem de direita, nem de esquerda, pró-europeu e pró-empresas. Um ano depois, venceu as eleições presidenciais, varrendo os dois grandes partidos tradicionais e direita e esquerda, que se alternavam no poder há meio século.

Mas 17 meses depois de sua vitória, as pesquisas mostram que apenas 30% dos franceses têm uma opinião positiva sobre sua Presidência.