BRUXELAS, 7 MAI (ANSA) – Um dia após ter dito que é favorável à quebra das patentes de vacinas anti-Covid, o presidente da França, Emmanuel Macron, afirmou nesta sexta-feira (7) que o problema da falta de doses no mundo não está na propriedade intelectual.   

Além disso, o mandatário fez um apelo para que os “anglo-saxões” – ou seja, EUA e Reino Unido – parem de “bloquear” a exportação de vacinas e de ingredientes necessários para sua produção.   

“Para que a vacina circule, não se pode bloquear os ingredientes e as próprias vacinas. Hoje, os anglo-saxões bloqueiam muitos desses ingredientes e vacinas. 100% das vacinas produzidas nos Estados Unidos vão para o mercado americano”, disse Macron ao chegar a uma cúpula de líderes da União Europeia no Porto, em Portugal, que servirá para discutir o assunto.   

“O problema não é a propriedade intelectual”, acrescentou. A proposta de quebra temporária de patentes de vacinas anti-Covid foi encampada pelo presidente dos EUA, Joe Biden, após o país ter imunizado ao menos parcialmente cerca de 45% de sua população, mas ainda encontra resistência na UE.   

“Falta capacidade produtiva, o problema não é a liberação das patentes”, afirmou Ulrike Demmer, porta-voz da chanceler da Alemanha, Angela Merkel – o país é casa de dois fabricantes de vacinas anti-Covid contratadas pela UE: Biontech (em parceria com a Pfizer) e CureVac.   

A Itália, por sua vez, sinalizou apoio à quebra das patentes.   

“Todos os Estados devem ter a mesma oportunidade, então é fundamental liberar a produção”, declarou o chanceler italiano, Luigi Di Maio, na última quinta (6).   

Ao longo dos últimos meses, a UE já havia criticado o Reino Unido por bloquear a exportação de vacinas da AstraZeneca ao bloco, o que teria sido um dos motivos para os constantes atrasos na distribuição do imunizante entre os Estados-membros.   

Até o momento, já foram aplicadas cerca de 1,24 bilhão de doses de vacinas anti-Covid em todo o mundo, mas somente 19,5 milhões (1,6%) na África, embora o continente abrigue mais de 15% da população global. (ANSA).