BUENOS AIRES, 26 SET (ANSA) – O governo da Argentina pretende anunciar nesta quarta-feira (26) um complemento ao acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), que prevê o adiantamento de US$ 5 bilhões do empréstimo firmado por Mauricio Macri no meio do ano, que soma US$ 50 bilhões. Desde a última segunda-feira (24), o país enfrenta forte turbulência causada por uma greve geral de 24 horas e pela renúncia do presidente do Banco Central argentino, Luis Caputo.   

“É preciso fazer uma consulta informal com o Diretório Executivo [do FMI] e, se não ocorrer nada de extraordinário, à tarde estaremos em condições de anunciar um acordo”, disse o ministro da Fazenda argentino Nicolás Dujovne.   

“Tive uma reunião muito boa com o presidente Macri. Estamos muito próximos de concluir com nossos funcionários a revisão do acordo entre Argentina e FMI”, escreveu a diretora-geral da entidade, Christine Lagarde.   

Macri e Dujovne chefiam a negociação, que acontece em paralelo à Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York. O novo acordo é uma tentativa de amenizar a crise econômica no país, que teve desvalorização de 100% da moeda local, o peso argentino, em 2018, além de apresentar a maior taxa de juros do mundo (60%), uma inflação que já chega aos 40%, ter aumento da pobreza e do desemprego, recessão econômica e um mal-estar social que teve seu ápice na última terça-feira (25), quando uma greve geral foi realizada por duas centrais sindicais do país, a Confederação Geral do Trabalho (CGT) e a Central de Trabalhadores da Argentina (CTA), que começaram os protestos ao meio-dia de segunda-feira (24), com mobilizações nas ruas de todo o país e cruzaram os braços nesta terça-feira (25).   

Foram paralisados serviços como transportes, voos nacionais e internacionais, escolas, comércios, bancos e o funcionalismo público. Os hospitais só atenderam a emergências. O governo Macri também foi abalado pela renúncia do presidente do Banco Central argentino, Luis Caputo, ainda que porta-vozes oficiais tenha se empenhado em dizer que a saída foi consensual se deveu a “motivos pessoais”.   

Caputo, um homem de confiança de Macri, teve sérias divergências com Nicolás Dujovne. Durante as últimas negociações, Christine Lagarde demonstrou insatisfação com as políticas cambiais de Caputo, o que gerou mal-estar no governo. Ele foi substituído pelo antigo vice-ministro da Fazenda, Guido Sandleris, o que aumenta o poder de Dujovne no Poder Executivo nacional. (ANSA)