Machado é aguardada com expectativa em Oslo, onde receberá Nobel da Paz

Uma legião de apoiadores venezuelanos aguarda ansiosamente a chegada a Oslo, nesta terça-feira (9), da líder da oposição María Corina Machado, ganhadora do Prêmio Nobel da Paz, cuja coletiva de imprensa foi adiada sem novo horário definido.

“De onde ela vem?”, “Onde está?”, “Já chegou?”. As perguntas sobre o paradeiro da líder da oposição venezuelana, que vive escondida desde agosto de 2024, se multiplicam na cidade norueguesa.

O Instituto Nobel, que anunciou a presença de Machado na capital norueguesa no fim de semana, informou nesta terça-feira que a aparição, marcada para as 13h00 (horário local), seria adiada.

No entanto, “tudo indica que poderemos realizar uma coletiva de imprensa hoje”, disse à AFP Erik Aasheim, porta-voz do Instituto Nobel, secretaria do comitê que concede o prêmio.

No Grand Hotel, onde os vencedores do Nobel costumam se hospedar, sua mãe, Corina Parisca, suas irmãs e cerca de uma dúzia de pessoas próximas a ela disseram não saber onde estava, mas tinham certeza de sua chegada.

Desde segunda-feira, figuras proeminentes da cultura, política e imprensa venezuelanas, todas exiladas, foram vistas no pequeno centro da capital norueguesa, tendo viajado a Oslo para a cerimônia de premiação de quarta-feira.

Os presidentes da Argentina, Javier Milei; do Panamá, José Raúl Mulino; do Equador, Daniel Noboa; e do Paraguai, Santiago Peña, foram convidados para a cerimônia na Prefeitura de Oslo, anunciou a própria Machado em suas redes sociais.

O Nobel da Paz é composto por uma medalha de ouro, um diploma e um valor de 1,2 milhão de dólares (6,5 milhões de reais na cotação atual).

– “Trabalho incansável” –

Machado, de 58 anos, engenheira de formação e mãe de três filhos, vive escondida após as eleições presidenciais de julho, que levaram à posse de Nicolás Maduro.

A líder da oposição, impedida de concorrer, afirmou que Maduro fraudou a eleição contra seu candidato, Edmundo González, e publicou cópias dos votos depositados nas urnas eletrônicas como prova da suposta fraude. O regime chavista rejeitou essas acusações.

No poder desde 2013, Maduro é acusado de fraude eleitoral nas eleições para seu segundo e terceiro mandatos. Os Estados Unidos, a União Europeia e diversos países da América Latina não reconhecem sua reeleição.

Machado não aparece em público desde 9 de janeiro deste ano, quando participou de uma manifestação em Caracas contra a posse de Maduro para seu terceiro mandato.

No mesmo dia em que Machado receber o Nobel da Paz (quarta-feira, 10 de dezembro), apoiadores do chavismo se manifestarão em Caracas, anunciou na segunda-feira o ministro do Interior venezuelano, Diosdado Cabello.

A entrega do Nobel coincide com o envio de tropas militares dos Estados Unidos para o Caribe e o Pacífico, onde pelo menos 87 pessoas já morreram em ataques lançados por Washington contra supostas embarcações de traficantes de drogas.

O procurador-geral da Venezuela alertou à AFP em novembro que a Nobel da Paz seria considerada “foragida” caso deixasse o país.

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