ROMA, 10 DEZ (ANSA) – A líder da oposição venezuelana, Maria Corina Machado, afirmou nesta quarta-feira (10) que pretende relatar pessoalmente o que precisou enfrentar para conseguir viajar a Oslo, onde ocorre a cerimônia de entrega do Prêmio Nobel da Paz.
A declaração foi feita em mensagem de áudio divulgada pelo Instituto Nobel e citada pelo The Guardian.
“Contarei pessoalmente o que tivemos que enfrentar e quantas pessoas arriscaram suas vidas para que eu pudesse chegar a Oslo, e sou muito grata a elas. Este é um exemplo do que este reconhecimento significa para o povo venezuelano”, afirmou.
Machado enfatizou que está a caminho da capital norueguesa, embora não consiga chegar a tempo para o início do evento.
“Antes de mais nada, em nome do povo venezuelano, gostaria de agradecer mais uma vez ao Comitê Norueguês do Nobel por este imenso reconhecimento da luta do nosso povo pela democracia e liberdade”, acrescentou.
A opositora reforçou ainda que centenas de venezuelanos viajaram de diversas partes do mundo para acompanhar a cerimônia, entre eles sua família, equipe e aliados políticos. “Este é um prêmio para todos os venezuelanos”, afirmou.
Segundo Machado, a chegada ao território norueguês será um momento especial: “Poderei abraçar toda a minha família e meus filhos, que não vejo há três anos, e tantos venezuelanos e noruegueses que conheço e que compartilham nossa luta”.
Por sua vez, o presidente do Comitê Nobel, Jürgen Watne Frydnes, lançou duras críticas ao governo de Nicolás Maduro durante seu discurso de abertura na cerimônia de entrega do Prêmio Nobel da Paz.
Segundo Frydnes, o regime venezuelano “silencia, abusa e ataca sistematicamente a oposição”, conforme relatado pelo jornal “The Guardian”.
“Enquanto estamos aqui na Prefeitura de Oslo, pessoas inocentes estão trancadas em celas escuras na Venezuela. Elas não podem ouvir os discursos pronunciados hoje ? apenas os gritos dos prisioneiros torturados”, afirmou.
Para ele, a Venezuela “transformou-se em um Estado brutal e autoritário”, mergulhado em uma profunda crise humanitária e econômica.
O presidente do Comitê Nobel destacou ainda que, apesar do colapso social e econômico, “uma pequena elite no topo ? protegida pelo poder político, pelas armas e pela impunidade legal ? continua a se enriquecer”.
Por fim, Frydnes lembrou que cerca de um quarto da população venezuelana já deixou o país, configurando uma das maiores crises de refugiados do mundo. “Os que permanecem vivem sob um regime que sistematicamente silencia, assedia e ataca a oposição”. (ANSA).