CARACAS, 12 DEZ (ANSA) – A líder da oposição na Venezuela e vencedora do Prêmio Nobel da Paz 2025, María Corina Machado, cogita a possibilidade de ir aos Estados Unidos para reuniões na Casa Branca e no Capitólio antes de retornar a seu país.
“Existem alguns encontros que considero que possam ser muito úteis e espero realizá-los antes de voltar para casa”, declarou Machado na quinta-feira (11) à imprensa em Oslo, na Noruega, sede da cerimônia do Nobel.
Desde agosto de 2024, quando Nicolás Maduro foi declarado reeleito como presidente em uma eleição tida como fraudulenta pela oposição e por boa parte da comunidade internacional, Machado tem vivido em paradeiro desconhecido em seu país.
Para receber a honraria na Noruega na última quarta-feira (10), ela foi retirada da Venezuela em uma operação secreta conduzida em 9 de dezembro, que contou com a colaboração dos EUA por meio de militares e da agência de inteligência CIA, além da contribuição de agentes da inteligência venezuelanos, segundo informações do jornalista investigativo Casto Ocando publicada nas redes sociais.
A operação começou com uma equipe da CIA transportando secretamente Machado de seu esconderijo para o litoral do estado de Falcón, no norte da Venezuela. O local exato, que não foi divulgado, foi alcançado após várias horas de viagem por rotas alternativas, em meio à alta tensão e vigilância das tropas de Maduro.
A cooperação de agentes da inteligência venezuelana, que participaram de operações de contraespionagem e desinformação para desviar a atenção das forças de segurança do Estado, como a Direção-Geral de Contraespionagem Militar e o Serviço Bolivariano de Inteligência Nacional, foi crucial para o sucesso da operação.
Segundo a imprensa americana, Machado, então, foi de barco até Curaçao, antes de embarcar para a Europa. Ela desembarcou em Oslo apenas na quinta-feira (11), mas sua filha Ana Corina a representou na cerimônia de entrega do Nobel da Paz no dia anterior.
A decisão política e pessoal de Machado de retornar à Venezuela, apesar dos riscos, se dá em meio à pressão americana para Maduro deixar o poder. Desde meados do ano, o clima de tensão entre Washington e Caracas tem se acirrado, com os EUA realizando ataques no Mar do Caribe. (ANSA).