Por mais que a economia de um País seja o reflexo de todo um sistema complexo de relações internacionais entre diferentes agentes (governos, empresas e investidores), também é fato que seus resultados estão muito ancorados na política econômica de cada país. O governo Bolsonaro tem provado que a sua má gestão na economia tem sido responsável pelos nossos problemas atuais. Há consenso entre os economistas, por exemplo, que a única explicação para a alta do dólar (R$ 5,20) esteja nas incertezas políticas que o presidente provoca em suas ameaças às instituições, como os atraques que faz ao Poder Judiciário. Pelos cálculos dos economistas, a moeda estrangeira deveria estar custando R$ 1 a menos, não fosse a instabilidade provocada pelo próprio presidente.

Agora, um novo dado ajuda a fortalecer esse argumento. No segundo trimestre, o PIB registrou uma tímida queda de -0,1%, quando o governo esperava uma alta de pelo menos 0,25%. Para além dos vários fatores macroeconômicos relevantes na conta, é impossível tirar dela o fator da instabilidade política. Observando rapidamente, por exemplo, algumas das principais economias sul-americanas que já divulgaram os resultados do segundo trimestre, isso fica ainda mais claro.

De um lado, o Chile cresceu 1% no segundo trimestre em relação aos três primeiros meses do ano. Na comparação com o mesmo período de 2020, a alta foi de 18,1% — compensando as perdas daquele momento da pandemia. O País vive um momento de mudanças políticas depois de uma grande crise recente, mas seguindo um processo relativamente estável. No limite, as transformações que estão sendo realizadas estão em consonância com as demandas das ruas. Uma situação parecida é a do Peru, que cresceu 0,9% neste segundo trimestre depois de uma eleição tumultuada, mas que seguiu os trâmites institucionais. Como foi ao fundo do poço no ano passado, o salto do PIB de agora em relação àquele período foi de 41,9%, insinuando uma forte recuperação. Ainda há o México, que cresceu 1,5% no segundo trimestre, impulsionado pelo agronegócio, mas também pelo turismo e pelas exportações de bens duráveis.

Do outro lado, há o Brasil, mergulhado em uma crise institucional, administrado por uma equipe econômica confusa e que entrega ao mercado mais incertezas do que alguma capacidade de propor projetos. Mesmo na comparação com o segundo trimestre de 2020, o número ficou abaixo dessas economias sul-americanas: foi de 12,4% (caiu 9,7% naquele período). É uma situação parecida ao caso colombiano, que regrediu 2,4% nestes três últimos meses. Lá, um governo perdido, envolto em uma reforma tributária que não agradou a nenhum setor, em escândalos de corrupção e promotor de retrocessos históricos. O PIB da Colômbia, assim como o nosso, é também um reflexo desse mecanismo, em que governos têm peso muito grande na conta.