ROMA, 17 FEV (ANSA) – Os membros do antissistema Movimento 5 Estrelas (M5S), maior partido do Parlamento da Itália, realizarão nesta segunda-feira (18) uma consulta na plataforma online da legenda, a “Rousseau”, sobre o processo contra o ministro do Interior e vice-premier Matteo Salvini, da ultranacionalista Liga, que é acusado de sequestro, abuso de poder e prisão ilegal.   

Os integrantes do partido deverão responder a seguinte pergunta: “O atraso no desembarque do navio Diciotti, para redistribuir os migrantes nos vários países europeus, aconteceu para proteger um interesse do Estado?”.   

Caso a maioria vote “não”, a autorização para prosseguir com a abertura do processo é concedida. Já se a resposta for sim, significa que Salvini não deve ir a julgamento. A votação ocorrerá no blog oficial do M5S das 10h às 19h (horário local).   

O inquérito contra o vice-premier corre no Tribunal dos Ministros de Catânia e diz respeito ao caso do navio Diciotti, que passou cinco dias bloqueado na Sicília com mais de 150 migrantes a bordo, em agosto passado. Para prosseguir, no entanto, a investigação precisa ser autorizada pelo Senado, já que Salvini também é senador e tem foro privilegiado.   

Entenda o caso O episódio ocorreu em agosto passado, quando a embarcação Diciotti, pertencente à própria Guarda Costeira italiana, resgatou 177 migrantes – a maioria da Eritreia – no Mediterrâneo Central. Ao chegar no Porto de Catânia, o navio foi bloqueado por ordem de Salvini, que queria forçar outros países da União Europeia a acolherem os deslocados internacionais.   

27 menores de idade puderam descer, mas 150 migrantes forçados ficaram presos no navio por cinco dias, até a Igreja Católica aceitar ficar responsável pelo acolhimento de 100 pessoas.   

Irlanda e Albânia também se comprometeram a abrigar 20 cada uma.   

Inicialmente, os ministérios públicos de Catânia e Palermo, que abriram o inquérito, pediram seu arquivamento, mas o caso foi transferido ao Tribunal de Ministros, já que Salvini tem foro privilegiado.   

Para que seja realizado um julgamento, serão cruciais 107 votos (de um total de 320) do M5S, que governa a Itália em aliança com a Liga e sempre teve o fim da imunidade parlamentar como uma de suas bandeiras. Com isso, os membros do antissistema ficam em uma posição difícil, principalmente porque, pelas leis italianas, um parlamentar condenado em último grau perde o mandato e fica inelegível por seis anos. (ANSA)