Vanderlei Luxemburgo sofreu à beira do gramado na Neo Química Arena, neste sábado, assim como os torcedores, e saiu do campo aliviado com a classificação do Corinthians para a semifinal da Copa do Brasil, após vitória por 3 a 2 sobre o América-MG no tempo normal, seguida por triunfo por 3 a 1 nos pênaltis. Passada toda a adrenalina, o treinador disse, em coletiva de imprensa, que a vitória tem de ser ‘saboreada’, mas mostrou já estar preocupado com o possível “clima de guerra” da próxima partida, contra o Universitario, terça-feira, pela Copa Sul-Americana, em Lima.

“A vitória foi sofrida porque o Corinthians é assim mesmo”, disse Luxemburgo. “Estamos no caminho certo. Temos de colocar os pés no chão, saborear a vitória. Ninguém deu licença para nós fazermos isso, nós conquistamos o direito de estar na semifinal”, completou. Algumas perguntas depois, o técnico foi questionado sobre a possibilidade de mudar os planos para o duelo com o Universitário, no Peru, frente ao clima hostil que vem se formando.

No jogo de ida, na última terça-feira, o preparador físico uruguaio Sebastián Avellino, do clube peruano, foi preso em São Paulo por fazer gestos racistas em direção a torcedores corintianos, conforme mostrado em vídeo. O Universitario se revoltou com a prisão e divulgou uma nota criticando a Justiça e a Polícia brasileiras. Além disso, o time perfilou em campo com uma faixa em apoio ao preparador, em jogo do campeonato nacional, na sexta-feira. A ideia inicial de Luxemburgo para o jogo é, assim como no primeiro, mandar a campo um time cheio de garotos, mesmo diante da potencial hostilidade.

“Eu tenho que fazer o que tem de ser feito para o Corinthians. Mudar por causa disso ou aquilo lá, não vou. Não vejo para que criar um ambiente de guerra. Se você cometeu algum equívoco, seja em qualquer país, você vai cumprir a lei daquele país. Não foi nenhuma coisa da Justiça nossa que se equivocou. Parece que houve uma situação que ele se equivocou. Se fosse um brasileiro lá, nós iríamos cumprir a lei de lá. Já tivemos torcedor cumprindo a lei na Bolívia. Não vejo necessidade de criar um ambiente assim .Não houve arbitrariedade da nossa lei aqui, nós cumprimos a lei. Essa coisa passa por cima do entretenimento do futebol”, afirmou.

Para o jogo na Sul-Americana, Luxemburgo não poderá contar com Matías Rojas, que estreou com a camisa corintiana neste sábado e encheu os olhos dos torcedores com sua ótima técnica e visão de jogo. O paraguaio não foi regularizado a tempo de disputar o mata-mata por vaga nas oitavas de final, mas, caso o time avance, terá condições de participar do torneio. Contra o América, ele formou uma dupla de meio de campo bastante eficiente ao lado de Renato Augusto.

“Ele mostrou que é um grande jogador”, disse o técnico. “Vão falar: ‘o Luxemburgo inventou de ele jogar por dentro’. Não, não sou o Santos Dumont. Coloquei ele por onde ele joga. Joga tanto pelo lado, por dentro, na esquerda, é um jogador versátil. Eu achei que o Róger, ficando de lado, o gol fica distante. É a primeira vez que jogo como esse time junto. Muitas coisas ficaram faltando. Os meias passarem mais para o lado, como o Ruan passou, como o Fausto fez ainda tímido. Renato está voltando”, completou.

Outro jogador elogiado por Luxemburgo foi Yuri Alberto, que vem sendo muito questionado e voltou a marcar um gol após quatro jogos, além de ter convertido o pênalti que selou a classificação corintiana. “Yuri sempre falei que é fase. Não Desaprendeu . Quando tive que tirar, tirei. Tirar jogadores do jogo é muito fácil. Onde ele tem a oportunidade de mostrar que tem qualidade? É dentro de campo. A gente tem que fazer o que tem de ser feito”, afirmou