Com semblante mais aliviado após a gigante vitória por 1 a 0 sobre o Atlético-MG, em pleno Mineirão, pelo Brasileirão, o técnico Vanderlei Luxemburgo não escondeu sua satisfação com a apresentação do time neste sábado. Mesmo com postura mais defensiva, com três zagueiros, e por vezes pressionado, o técnico viu seus comandados cumprirem à risca seu pedido e não poupou elogios. Não escondeu, contudo, sua revolta com as exageradas cobranças que o Corinthians vem sofrendo e pediu atitude das autoridades.

“Três zagueiros não é novidade, mas quando a gente faz parece que é. A gente sabe fazer e não podia ir com Fagner e Fábio (Santos) frouxos neste jogo, pois eles(Atlético-MG) têm um lado de campo forte”, afirmou o treinador ao explicar sua escalação. “No jogo da Copa do Brasil aqui eles ganharam pelas laterais. Optei por um primeiro tempo mais de proteção e funcionou. O Atlético tem bons jogadores, marcar Paulinho é difícil, um baita jogador, veloz, que busca o gol, a diagonal o tempo todinho”, explicou. “Mas funcionou (a tática), atacamos espaço, fomos contundente, tivemos atitude de disputar o jogo. Tinha de competir e ter atitude e tivemos.”

Sobre a pressão da torcida que está pedindo sua demissão, Luxemburgo disse que não é apenas sua cabeça que está em evidência no futebol, mas diz entender torcedores. “Não é a minha, não, é assim no futebol brasileiro e não é diferente para mim. Estou só há dois meses no Corinthians, fazendo um processo de renovação que as pessoas não querem analisar. Quantos jogadores já coloquei para jogar e que o Corinthians está ganhando em um processo de trocar o pneu com o carro andando? As pessoas não querem reconhecer isso e só dar porrada”, disse.

O técnico afirmou que se fosse um outro treinador a ganhar com três zagueiros do Atlético-MG seria elogiado. “Se fosse qualquer um que não fosse brasileiro seria uma tática maravilhosa, como é o Luxemburgo… Temos essa cultura. O que me incomoda não é torcedor, é a perseguição de jornalistas.”

Antes de avaliar a vitória no Mineirão, Luxemburgo mostrou sua revolta com mais um episódio vivido por seu grupo em hotel da concentração em Belo Horizonte. Corintianos hospedados no local fizeram enorme pressão nos jogadores e chegaram até a ofender o zagueiro Gil. O treinador cobrou posicionamento das autoridades para que uma tragédia seja evitada.

“Gostaria de comentar algo fundamental. Independentemente do resultado, eu ia falar de qualquer maneira aqui. É algo importante para todos nós, cidadãos que estão nos esportes. Muito ruim em uma concentração você se sentir em prisão domiciliar, não pode descer no elevador, não pode ir na recepção, nem atender quem quer tirar foto com a gente. Onde vamos parar?”, questionou, sobre o clima ruim vivido antes do jogo. E foi contundente na cobrança.

“Se as autoridades não tomarem atitude para que isso pare, vão ter de falar quando morrer alguém. Ministério Público, Governo Federal, CBF, federações…, todos têm de tomar uma posição. Essas coisas estão ultrapassando os limites. Torcida tem direito de protestar, mas ali é nosso local de concentração, de trabalho, de se preparar, uma coisa desagradável”, disparou. “Alguém tem de tomar uma posição forte porque não tenho de me sentir em prisão domiciliar se não cometi nenhum crime. Sou um treinador de futebol, os jogadores são. Não é só com o Corinthians, é no futebol brasileiro como um todo. A Inglaterra só melhorou quando tomaram uma decisão lá. Podem fazer protesto, mas gostaríamos de um pouco de paz nessa relação.”