Passadas duas semanas do desastre do rompimento da barragem de rejeitos de mineração na mina do Córrego do Feijão em Brumadinho, MG, a população da pacata cidade mineira ainda chora seus mortos. Até o momento, 15º dia de buscas, os números da Defesa Civil de Minas Gerais e da mineradora Vale mostram que 157 corpos foram encontrados em meio à lama, 134 desses mortos foram identificados e 182 pessoas seguem desaparecidas. A contabilidade da tragédia ainda aponta para a contaminação de até 90 quilômetros do rio Paraopeba, com o consume da água apresentando riscos à saúde humana e animal.

Os danos ambientais com a avalanche de lama sobre o rio tem afetado o sustento de dezenas de trabalhadores rurais que vivem da agricultura nas margens do rio. Soma-se à esse saldo negativo, o prejuízo econômico que o rompimento da barragem levou aos cofres do município, totalmente dependente da exploração do minério de ferro. Segundo o prefeito de Brumadinho, Avimar de Melo Barcelos, (PV), a cidade está à beira da falência. “Se não chegar a ajuda prometida, a cidade vai fechar”, alerta. “Não recebemos nenhuma ajuda financeira do governo federal depois da tragédia,” diz. O porta-voz  da Presidência da República, general Otávio Rêgo Barros, anunciou logo após a tragédia  que o governo federal liberaria R$ 800 milhões para ações de emergência na cidade. Nada fez. “A população foi enganada”admite o prefeito, em entrevista ao UOL.

Durante esses 15 dias, cada vez está mais evidente para os investigadores da Força de Segurança que apuram os motivos do desastre, que a mineradora Vale sabia do possível rompimento da barragem. A PF identificou na troca de e-mails entre funcionários da mineradora e a empresa de consultoria Tuv Sud que existia problemas com sensores da barragem dois dias antes da tragédia.  No depoimento do engenheiro Makoto Namba, coordenador de projetos da empresa alemã, ao ser questionado pelos policiais sobre o que faria se tivesse um filho no local e soubesse das informações contidas nas trocas de e-mails, Namba disse que o mandaria sair do local imediatamente. Mais que isso. Ele afirmou que acionaria a Vale para disparar o plano de emergência. Ao fim e ao cabo, cada vez mais existe a certeza que a barragem de Brumadinho se rompeu porque os equipamentos instalados para medir o volume de água, não estavam funcionando há tempos.

Na quinta-feira 7, a Vale se recusou a assinar um Termo de Ajuste Preliminar Extrajudicial proposto pelo Ministério Público de Minas Gerais com ações emergenciais a serem implantadas por causa do rompimento da barragem de Córrego do Feijão. A mineradora alegou precisar de tempo para analisar tecnicamente as medidas propostas pelo MP. Em nota, a Vale informou que “mantém contato com as autoridades de Minas Gerais com o objetivo de buscar soluções consensuais de forma a dar maior celeridade à indenização dos atingidos.”