Antes da vitória sobre Mariya Agapova no UFC 272, no último sábado, Maryna Moroz precisou enfrentar um adversário ainda mais difícil. A lutadora ucraniana não conseguia se concentrar no combate em meio à guerra que seu país trava com a Rússia.
Em entrevista ao podcast “The MMA Hour”, a ucraniana peso-mosca disse que precisou lutar contra o psicológico para não se abalar por conta da invasão à Ucrânia.
“Foi muito difícil para mim. Eu chorei muito. As pessoas não viram isso. Tentamos fazer um vídeo para meu patrocinador para todo mundo, mas eu começava a fazer alguma coisa e chorava sem conseguir parar. A cada momento eu dizia: Maryna, você é forte. Para! Você é forte, você precisa ser forte. Não chore, não pense, não olhe para as notícias. Mas todo esse tempo eu abria minhas redes sociais e via notícias ou mensagens terríveis. O povo russo estava me escrevendo mensagens terríveis. Ameaças. A amiga da minha adversária, ela morava junto, mandava mensagens ruins: “Olha, hoje mataram pessoas e pode ser sua família.” Eu chorava, mas a cada momento eu dizia: ‘Pare. Você é forte, forte. Você consegue. Você pode”, revelou.
Maryna contou ainda que a preocupação só não foi pior por sua família estar segura em uma fazenda nos arredores de umas das cidades ucranianas. Além disso, ela contou que os familiares estão ajudando o exército ucraniano com alimento.
“Minha família está fora da cidade, mas ainda é perigoso. Todo o território agora é perigoso ficar, porque os russos podem vir à aldeia. Meu pai faz muitos coquetéis molotov e tem algumas armas em casa. O marido da minha irmã vai para o exército e está protegendo a cidade. Minha família quer ficar. Minha mãe disse: “Não, não queremos nos mudar. Nós vamos ficar em casa. Não importa o que aconteça, tentaremos viver como pudermos.” E eu choro, porque tenho medo de que algo aconteça. Alguém entre na casa. Estou com medo de pensar sobre isso, e é apenas assustador para mim. Eu quero salvar minha família. Quero que minha família se mude, mas eles dizem: “Não, temos fazenda, temos animais. Eu amo meus animais. Eu amo minha vaca. Eu amo frango. Então não, eu vou ficar. Peguem as armas e eu ficarei em minha casa.” Ela está pronta para matar o exército russo se eles entrarem em casa, para salvar a casa”, completou Moroz.
A ucraniana ainda terá de permanecer por um tempo nos Estados Unidos por problemas com seu visto. Moroz disse que conversa com os familiares diariamente, mas já perdeu alguns de seus amigos no conflito.