Lupi diz que ‘agiu a tempo’ diante de denúncias no INSS e demitiu diretor

Wilson Dias/Agência Brasil
Foto: Wilson Dias/Agência Brasil

O ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, afirmou nesta terça-feira, 29, que “agiu a tempo” diante das denúncias de supostas fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) com descontos ilegais em aposentadorias. “Eu demiti um diretor que tinha, inclusive, sido superintendente. Demitido em maio de 2024, pela letargia, pela demora. Eu pedi para instalar uma apuração”, frisou.

+ Lupi defende que governo ‘não se meta’ em crise do INSS e nega omissão em fraudes

Questionado por deputados na Comissão de Previdência, Assistência Social, Infância, Adolescência e Família, Lupi diz que o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, avisou para que o ministro se reunisse com o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, e a Controladoria-Geral da União, para ele tomar conhecimento das ações que estavam acontecendo.

Lupi indicou ainda que Lula determinou que ele demitisse o presidente do INSS sob investigação, Alessandro Stefanutto, para “defender a própria instituição”.

Questionado por um deputado sobre o crime organizado, Lupi afirmou que não poderia responder porque “não convive, conhece ou aceita” o mesmo.

Segundo o ministro, “tem gente que banca e ganha dinheiro” com o crime. “Não conheço nada de crime organizado. Eu sou da base da pirâmide da sociedade […] Quero que o crime organizado esteja na cadeia, a começar pela elite que a financia”, indicou.

O ministro ainda foi cobrado sobre a destituição de investigados pertencentes a sindicatos. Sobre o tema, Lupi frisou que as entidades são autônomas e “não é um ditador” para interferir nas mesmas.

“Todas associações que tinham convênio com o INSS estão suspensas, isso nos competia, mas a destituição, nos sindicatos, não é da minha alçada”, ponderou o ministro da Previdência.

Ministro pressionado

Parte da cúpula do Palácio do Planalto pressiona Lula para demitir Carlos Lupi. Na avaliação de alguns interlocutores, as denúncias apresentadas pela PF e a defesa de Lupi a Stefanutto prejudicam a imagem do governo e aumentam a crise de confiança nas ações do petista.

Outro fator que conta contra Lupo é o fato de ter tido ciência das fraudes há um tempo e não ter comunicado o Planalto sobre as fraudes anteriormente. Lula soube dos desvios apenas no dia da operação da Polícia Federal, quando foi acionado para uma reunião extraordinária com os ministros Ricardo Lewandowski (Justiça) e Vinicius Carvalho (CGU), além do diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues.

Por outro lado, a possível demissão do ministro da Previdência Social poderá enfraquecer ainda mais a base do governo no Congresso Nacional. Internamente, o PDT, partido em que Carlos Lupi é presidente, já mandou recados de que poderá desembarcar do governo Lula caso a saída do ministro seja efetivada. O partido conta com 17 deputados e três senadores em seus quadros, o que deixa o Planalto em cima do muro sobre o futuro do carioca.

Enquanto a indefinição sobre os próximos passos, Lupi foi alvo de um pedido de impeachment na Procuradoria-Geral da República (PGR) por omissão nas fraudes no INSS. O documento foi assinado pela senadora Damares Alves (Republicanos-DF). Carlos Lupi ironizou a ação e disse ser ministro de Estado e não presidente da autarquia para ser impeachmado.

“Falou-se muito na imprensa e uma nobre senadora entrou com um pedido de impeachment contra minha pessoa por ser omisso, quero informar a nobre senadora que não sou o responsável da autarquia institucionalmente, eu sou ministro de Estado. O responsável pela autarquia institucionalmente é o seu presidente. Mesmo assim, quero dizer que não escondo nada”, declarou.