Lumena Aleluia foi uma das grandes personagens do Big Brother Brasil 21. A DJ e psicóloga, que ficou conhecida por sua maneira mais rebuscada de falar, deixou a casa do reality com 61,31% dos votos, em um paredão com Arthur e Projota.

Dento da casa, Lumena não deixou de se posicionar sobre as pautas que defende e bateu de frente quando algo a incomodava. Do lado de fora, Lumena teve que lidar com o ódio das redes sociais, cancelamento e os memes.

Em conversa com IstoÉ Gente, Lumena contou um pouco mais sobre a sua trajetória dentro do reality, seus planos para o futuro e sua sexualidade.

IstoÉ Gente: Como você lidou com o “cancelamento” que sofreu ao sair da casa do Big Brother Brasil?

Não foi fácil, eu entrei anônima e não tinha noção da repercussão do programa, o cancelamento é cruel e doloroso. Precisei entender como equilibrar as redes sociais, recebia muitas críticas sobre o jogo e estava tudo bem, fui para o programa dar a cara a tapa e ser julgada mesmo, em um determinado momento comecei a receber mensagens de ódio, racistas, xenofóbicas e homofóbicas, isso me abalou. Fui ao meu terreiro e fiquei perto de quem amo até entender tudo que estava acontecendo. Entendi, reconheci meus erros, me desculpei com quem devia, me aceitei como uma pessoa humana que ainda tem muito o que aprender na vida e daqui pra frente é só evoluir.

Qual você acredita que foi o seu maior aprendizado dentro da casa do BBB?

Eu já passei por muitas coisas ao longo da minha vida, mas acredito que lá dentro, o convívio com a pluralidade sob a pressão de um confinamento dentro de uma pandemia mundial (que já vinha de um confinamento) me trouxe um dos maiores aprendizados na minha vida, esbarrei com meus monstros internos, medos silenciosos e vi que durante toda a minha vida precisarei esbarrar com eles. Hoje me sinto mais preparada!

Você ainda sofre muitos ataques online? Se sim, aprendeu a lidar melhor com eles?

Felizmente as coisas já estão mais leves. O BIG21 foi uma edição de muitos extremos, muito amor e muito ódio, acredito que agora passado um tempo do fim do programa as pessoas começam a entender que era um game e que todos somos humanos e estamos ali para aprender. Ainda recebo alguns comentários complicados mas lido bem melhor, levo na esportiva, viro meme, dou risada e tá tudo bem.

Olhando para trás, o que você faria de diferente na sua trajetória?

Seria mais leve! Eu entrei para viver o game de uma maneira leve. Queria ir para o reality para dançar, beber, curtir e nunca pensei que fosse apontar o dedão na cara de alguém, na verdade eu só queria me divertir e comprar meu trio elétrico (risos), mas acabei me estrepando, a pressão acabou me atrapalhando. Achei que a minha questão com a militância já estava resolvida mas não era bem assim. Estava decidida a ligar o foda-se e viver!

A sua maneira rebuscada de falar acabou virando meme por todas as redes sociais e você está embarcando nessas brincadeiras, principalmente em seu Twitter. Como você lida com as redes hoje em dia? Há uma preocupação de um novo cancelamento?

Entrei na onda total, dei muita risada! Fiz do limão, uma limonada e agora um mojito. Já chorei demais, agora é momento de rir e me divertir. O meme do “autorizei/não autorizei” parou em tudo, até em marketing de funerária (risos). Hoje em dia quero embarcar grandão nesse entretenimento, me jogar, curtir e espero não ser cancelada de novo, chega né gente (risos).

Qual a sua relação com os ex-participantes do BBB? Ainda tem contato com alguns?

É ótima, o dia 101 foi super importante para todos nós, pontuamos tudo e acabamos com as questões mal resolvidas. Temos um grupo no whatsapp pra bater papo, adoro!

Você levou muitos debates para dentro da casa do reality. Você acredita que esse seja um movimento que acontecerá cada vez mais nas próximas edições ou o medo de sofrer cancelamento pode frear um pouco.

Acredito que o movimento continuará, as coisas dentro da casa acontecem de forma involuntária, eu não fui com o intuito de militar, muito pelo contrário, tudo que eu não queria era ser professoral, não queria responder o que é intolerância religiosa, apropriação cultural, se usa ou não tal termo… Foram ciladas emocionais que acabei me pegando. Envolve meu desejo como ser humano de ficar de boa. Quando Marielle Franco morreu, eu perdi minha referência no ativismo, comecei a me afastar do movimento com medo, pensei “Que merda eu estou fazendo? Vou ligar o foda-se pra essas questões que me levam ao sentimento de morte, tocar um pagodão e ficar de boa, me cansa ter que falar o obvio e receber em troca o silenciamento.

Quais são os próximos passos da sua carreira? Você deseja continuar na carreira de psicóloga?

Me aposentei da psicologia, o estudo humano me fascina mas quero me entregar ao entretenimento, continuar tocando meu pagodão, embarcar nessa onda de redes sociais, comprar meu trio elétrico e levar muito axé pro povo.

Como você descobriu a sua sexualidade? Como foi a aceitação da sua família?

Comecei a vivenciar minha liberdade e experiências de sexualidade entre os 26, 27 anos, foi num intercambio que fiz pra África do Sul, lá me apaixonei por uma menina e fiquei liberta. Minha mãe ficou meio conturbada no começo, minha liberdade também refletiu no meu guarda roupas e me permiti usar peças que eram interpretadas como mais masculinas, minha família ficou um pouco assustada achando que eu estava deixando de ser mulher (por causa das roupas não consideradas como de menina), foi muita informação de uma vez só, mas agora aceitam de boassa, minha mãe conheceu minhas namoradas.

Você acha que a sua sexualidade foi um fato que levou sua rejeição a ser tão alta?

Acredito que não, tinham outros LGBTQIA+ na casa que foram super bem aceitos e amados.