Aliado de primeira ordem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o advogado criminalista Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, recuou das críticas feitas ao petista no começo do ano e disse que o presidente da República se fortaleceu nos últimos meses. Em entrevista à ISTOÉ, o jurista disse acreditar na reversão da crise de imagem do governo para emplacar a reeleição em 2026.
Em fevereiro, Kakay emitiu uma nota em que criticava o terceiro mandato de Lula ao dizer que o petista estava “isolado” e “capturado”. Na ocasião, o Palácio do Planalto sofria com o enfraquecimento junto ao Congresso Nacional, além da maior taxa de reprovação de Lula registrada nos três mandatos.
Kakay pontua a reversão do cenário após a decisão do governo dos Estados Unidos em aplicar uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros. O advogado exaltou o posicionamento do petista de soberania e diz ver a retomada do ‘velho Lula’.
“Penso que essa questão [do tarifaço], inclusive, tem feito bem ao Lula. Ele [Trump] permitir que a Força Nacional tome conta de Washington e falar que Brasília é uma das cidades mais perigosas do mundo, é uma pessoa que desconhece a realidade. O Lula respondeu com dignidade e com respeito à soberania. O Lula voltou a ser o velho Lula”, afirmou.
“Eu senti falta, num dado momento, de algumas posturas que agora ele está tendo de uma forma bem interessante. A situação da tarifação do Trump, o Lula está sendo elogiado por todos os órgãos sérios de imprensa internacional”, concluiu.
Após o anúncio do tarifaço, Lula se dispôs a negociar, mas negou qualquer possibilidade de ceder às pressões da Casa Branca. Como justificativa para a tarifaço, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, usou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), afirmando haver uma “caça às bruxas” contra ele no processo que investiga uma tentativa de golpe de Estado após o resultado das eleições de 2022.
Como pano de fundo, porém, o tarifaço é uma resposta à articulação do governo brasileiro para a criação de uma moeda comum para transações comerciais entre os países. Atualmente, o dólar é a moeda oficial.
Kakay acredita que o posicionamento do petista pode impulsionar o nome do petista para as eleições do ano que vem. O advogado admite a dificuldade de governabilidade com a divisão entre os Poderes, entretanto, vê no petista a chance de formar uma aliança sustentável.
“É quase impossível governar com essa divisão que existe entre os Poderes. Mas confio que será plenamente possível fazer uma aliança para a governabilidade [em 2026]. E digo mais, há muita coisa para acontecer ainda. Não sei nem se ele será candidato. Mas, olhando para as tendências, ele deve ser candidato e ser reeleito”, reforçou.