Lula rebate Trump e diz que não aceita reclamações contra Brics

Joédson Alves/Agência Brasil
Luiz Inácio "Lula" da Silva, presidente do Brasil Foto: Joédson Alves/Agência Brasil

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse nesta terça-feira, 8, que não aceita as ameaças de Donald Trump contra os Brics. A fala ocorreu quando o petista recebia o primeiro-ministro indiano, Narenda Modi, em Brasília (DF).

O republicano anunciou que pretende sobretaxar em 10% os produtos vendidos pelo países que compõem o bloco por aquilo que Trump chamou de “posições antiamericanas”.

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Durante declaração aos jornalistas, o petista leu um discurso para salientar a importância da relação entre os países e também a composição do Brics, que tem como objetivo o fortalecimento do multilateralismo.

Em seguida, Lula improvisou e afirmou: “Nós não aceitamos nenhuma reclamação contra a reunião do Brics. Por isso que nós não concordamos quando ontem [7/7] presidente dos Estados Unidos insinuou que vai taxar os países Brics”.

Lula ainda elogiou o papel do Banco do Brics para as economias emergentes. “O NDB [na sigla em inglês] surgiu para dar a certeza de que é possível ter um sistema financeiro que tenha uma política de financiamento e não tenha como objetivo principal austeridade para aqueles que pedem empréstimo”, completou.

“Como membros do G20 e do Brics, atuamos em mesa do multilateralismo e em prol de uma governança global mais inclusiva. O primeiro-ministro Modi afirmou corretamente, na cúpula do Brics, que é impossível rodar um software do século 21 em velhas máquinas de escrever do século 20″, disse Lula, ao exaltar o bloco e criticar políticas protecionistas como a dos EUA.

Na segunda-feira, 7, o petista já havia criticado as falas de Trump durante a cúpula dos Brics, no Rio de Janeiro. Nós não queremos imperador, somos países soberanos. Se ele acha que ele pode taxar, os países têm direito de taxar também. Acho muito equivocado e irresponsável um presidente ficar ameaçando os outros em redes digitais”, afirmou.

O primeiro-ministro indiano está no Brasil para estreitar a relação com o Brasil, visto que a Índia é hoje o segundo maior mercado do mundo. “Dois países superlativos como a Índia e o Brasil não podem permanecer distantes”, disse Lula.