Após mais uma rodada de pesquisas eleitorais, consolidados os números dos institutos dignos do nome, salvo fato verdadeiramente extraordinário – e nem o tiroteio promovido por Roberto Jefferson foi um -, as urnas caminham para dar a vitória ao petista Luiz Inácio Lula da Silva, por vantagem muito próxima à obtida por sua correligionária, a ex-presidente Dilma Rousseff, sobre o deputado federal Aécio Neves (51% a 48%) em 2014.

Se a eleição fosse hoje, e não é!, o resultado final tenderia fortemente a ser Lula 51% x Bolsonaro 49%. Atenção: cerca de 5% dos eleitores estão indecisos e cerca de 7% dos eleitores de Lula e Bolsonaro admitem mudar o voto. E mais: além dos escândalos e factóides comuns às retas finais de eleições, teremos o debate da Rede Globo na próxima sexta-feira. Ou seja, fortes emoções ainda estão por vir para todos.

Uma coisa, porém, é fato: se Lula vencer por margem tão apertada, a horda extremista do bolsonarismo – e estamos falando de milhares de potenciais Robertos Jeffersons por aí – não irá respeitar o resultado, e a possibilidade de eventos graves, envolvendo violência física contra petistas, jornalistas, políticos e autoridades, é real. Pior: a chance de manifestações populares em desfavor da democracia é ainda maior.

Em 2014, Aécio Neves inaugurou, na prática, o movimento que hoje não é desprezível contra o sistema eleitoral brasileiro. Ao contestar o resultado, exigir auditoria e outras afrontas antidemocráticas, o tucano semeou o terreno fértil em que prosperam, atualmente, as mistificações bolsonaristas. À época, os “coxinhas” ficaram revoltados e foram chorar na cama, que é lugar quente. Como se comportarão os CACs de Bolsonaro?

Se nas ruas teremos dias difíceis caso Lula seja eleito, na política, melhor sorte não nos assistirá. A bancada radical bolsonarista, principalmente após o início da nova legislatura, irá infernizar o novo governo e poderá, na prática, paralisar o País. Mas, até lá, uma enxurrada de fake news, denúncias falsas, factóides eleitorais e todo arsenal possível de armas golpistas serão utilizados para incendiar as bolhas do bolsonarismo extremo.

Durante décadas, assistimos ao PT manipular seu “exército” (CUT, MST, MTST, ONGS, sindicatos etc.) e, literalmente, incendiar as ruas e depredar patrimônios público e privado, além de infernizar a vida da população, com suas manifestações políticas violentas. Enquanto seus bate-paus arriscavam as próprias peles em confrontos com a Polícia, os dirigentes assistiam a tudo, confortavelmente – e seguros!! -, em seus gabinetes.

Se, como prevejo, baseado nas pesquisas de opinião de hoje e no ambiente político atual, Lula vencer no domingo e o pau começar a quebrar, quero ver onde estarão o clã Bolsonaro e seus golpistas mais próximos: se nas ruas, enfrentando o Estado Democrático de Direito armado, leia-se, os militares, ou se nas redes sociais, tocando o terror do sofá enquanto entopem as panças com leite condensado superfaturado.

Nos EUA, mais de 50 idiotas já foram condenados pela invasão ao Capitólio em 2021. E Trump? Rindo da cara deles, ué, curtindo a vida adoidado. Quem me acompanha sabe o quanto desprezo ambos (Lula e Bolsonaro) e o quanto combato seus extremistas imbecilizados. Eu espero, sinceramente, que esteja enganado – não quanto à vitória do meliante de São Bernardo sobre o verdugo do Planalto -, mas a violência que me parece, hoje, infelizmente, inevitável.