12/12/2024 - 7:35
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) passa por uma nova cirurgia na manhã desta quinta-feira, 12, para interromper o fluxo sanguíneo em uma parte do cérebro. O procedimento, chamado embolização da artéria meníngea média, é geralmente utilizado no tratamento de hematomas subdurais crônicos – condição na qual o sangue se acumula pontualmente no tecido protetor.
A cirurgia é considerada pouco invasiva e de resultados rápidos. Em boletim médico, o hospital Sírio Libanês, onde o petista está internado em São Paulo, informou que ele “fará complementação de cirurgia com procedimento endovascular”.
Esta será a segunda cirurgia à qual o presidente será submetido em menos de uma semana. Na segunda-feira, 9, Lula foi para a unidade do hospital em Brasília (DF) com fortes dores de cabeça e, em seguida, foi transferido para São Paulo, onde passou por uma trepanação na madrugada de terça-feira, 10, para drenar um hematoma no cérebro.
Como é a cirurgia que Lula realiza hoje?
O procedimento é comumente realizado no pós-operatório de cirurgias neurológicas, visando prevenir ou tratar hematomas que se formam entre o crânio e o cérebro. Esse tratamento é indicado em casos de trauma craniano, quando pequenos vasos sanguíneos se rompem, resultando em sintomas de intensidade leve a moderada. A intervenção médica age diretamente no controle do sangramento, isolando o vaso responsável, o que reduz significativamente os riscos associados à condição.
+Lula fará segunda cirurgia para impedir novo sangramento
A cirurgia é realizada em três etapas principais: anestesia, cateterismo e embolização. O sedativo é aplicado localmente para que o paciente não sinta desconforto durante a execução do corte, além do uso do contraste que age como identificador e amplificador dos vasos.
Na primeira parte da operação, um cateter é introduzido em uma artéria da virilha ou do braço se conectando a artéria meníngea média no crânio, alcançando o alvo da operação – a etapa é guiada por imagens de raio-X para o processo se torne eficaz e rápido.
Por fim, a embolização acontece pela injeção de uma substância que mistura partículas de cola médica e outros fluídos, para que o sangramento seja interrompido. O último passo do procedimento bloqueia totalmente o suprimento do hematoma, auxiliando na recuperação e estabilização do sangramento neurológico.
A recuperação normalmente é rápida e indolor. O paciente é monitorado por algumas horas ou dias nos hospital, para que o caso não evolua ou sofra modificações em sua estabilidade e, em poucos dias, é liberado, seguindo orientações e acompanhamento médico.
Segundo Kalil, trata-se de uma espécie de cateterismo, com o objetivo de reduzir o risco de novos sangramentos. “É uma cirurgia simples, sem grandes riscos”, declarou.
Conforme o médico, a cirurgia deve durar cerca de uma hora. “Já estava sendo discutido, como complemento ao procedimento cirúrgico, esse tipo de embolização, que é um tipo de cateterismo, que ele vai embolizar a chamada artéria meníngea. Por que? Porque quando você drena o hematoma, existe uma pequena possibilidade de, no futuro, as pequenas artérias da meninge ainda causarem um pequeno sangramento”, disse.
“Esse procedimento não é em centro cirúrgico, é numa sala de cateterismo. Esse procedimento deve demorar em torno de mais ou menos uma hora. É via femoral, é um procedimento relativamente simples e de baixo risco”, reiterou.
Estatísticas
O ressurgimento dos hematomas é uma questão com estatísticas preocupantes, segundo a neurologista Sheila Martins, chefe do Serviço de Neurologia e Neurocirurgia do Hospital Moinhos de Vento. De acordo com estudo divulgado no periódico American Heart Association Journals, por exemplo, as taxas de recorrência após trepanação, cirurgia feita pelo presidente, podem chegar até 30%. “Contra isso, a embolização é uma técnica que, recentemente, ficou comprovada em estudos internacionais como muito eficaz para reduzir essa recorrência”, completou Martins.
Após o procedimento, o paciente pode necessitar de observação em hospital por um ou dois dias. Já a recuperação completa pode variar de algumas semanas a meses, com a necessidade de evitar atividades intensas. “Geralmente, o paciente pode retornar gradualmente às atividades cotidianas, dependendo do progresso individual.”
Acidente em outubro
Lula, que está com 79 anos, passou por cirurgia de emergência na terça-feira por causa de uma queda sofrida no banheiro de casa no dia 19 de outubro, quando ele bateu a nuca.
Ele foi internado na noite anterior, após sentir fortes dores de cabeça, e submetido a uma craniotomia – remoção de parte do osso do crânio – para drenar um hematoma. Desde então, o presidente segue em observação na UTI.
Na ocasião, os médicos informaram que ele continuaria internado pelo menos até o começo da semana que vem.
No dia em que caiu no banheiro, Lula levou cinco pontos e foi liberado após exames, mas orientado pelos médicos a não realizar viagens longas.
Segundo a equipe médica, a complicação que levou à cirurgia na terça-feira é comum após uma queda como a sofrida por Lula.