Pelo terceiro ano seguido, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) recusou o convite feito pela organização da Marcha para Jesus em São Paulo, marcada para esta quinta-feira, 19, feriado de Corpus Christi.
O presidente não informou o motivo pelo qual não comparecerá ao evento, que tem a estimativa de reunir 2 milhões de fiéis no centro da capital.
+Entenda: Lula tentou se aproximar de evangélicos no governo, mas movimento não rendeu frutos
Segundo interlocutores do governo, o petista enviará no seu lugar o ministro da AGU (Advocacia-Geral da União), Jorge Messias, que é evangélico e tem o representado no evento desde o início do mandato. No primeiro ano do governo, em 2023, Messias foi vaiado pela multidão de evangélicos ao citar o nome de Lula.
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e o prefeito da capital, Ricardo Nunes (MDB), afirmaram, por meio das assessorias, que participarão da Marcha, a convite do apóstolo da Igreja Evangélica Pentecostal Renascer em Cristo Estevam Hernandes, organizador do evento. Não há confirmação da presença do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Em 2024, Hernandes pediu “dias melhores” para o Brasil abraçado a Messias diante dos fiéis. Em entrevista concedida ao jornal Folha de S. Paulo na terça-feira, 17, o apóstolo disse que cristãos “de direita e de esquerda” vão ao céu e defendeu que a igreja se afaste da radicalização política.
Lula e os evangélicos
O governo tenta reverter a alta rejeição entre os evangélicos, que já representam 26,9% da população brasileira, conforme dados divulgados pelo Censo 2022, realizado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Entre os fiéis, as lideranças de esquerda são identificas com a defesa de pautas como a descriminalização do aborto e das drogas, que repelem esse segmento. O distanciamento é reproduzido na bancada evangélica do Congresso, que é numerosa — 219 parlamentares — e, no geral, não vota com o governo.
À IstoÉ, o deputado Sóstenes Cavalcante (RJ), líder da bancada do PL na Câmara e pastor da Assembleia de Deus, disse que Lula faz um “governo divorciado dos valores cristãos”.