Coluna: Ricardo Kertzman

Ricardo Kertzman é blogueiro, colunista e contestador por natureza. Reza a lenda que, ao nascer, antes mesmo de chorar, reclamou do hospital, brigou com o obstetra e discutiu com a mãe. Seu temperamento impulsivo só não é maior que seu imenso bom coração.

Lula na ONU: pior que Bolsonaro será difícil, mas não impossível

Presidente Luiz Inacio Lula da Silva discursa na Assembleia Geral da ONU
Presidente Luiz Inacio Lula da Silva discursa na Assembleia Geral da ONU Foto: TIMOTHY A. CLARY / AFP

Sim, eu sei. No fundo do poço Brasil haverá sempre um alçapão a nos levar mais longe – e além! -, para perto do quinto dos infernos, onde o Coisa-Ruim nos aguarda sorridente, com seu caldeirão fervendo. Mas, convenhamos, o presidente Lula terá de se esforçar muito, mas muito mesmo, para superar (em mediocridade) as últimas quatro participações brasileiras na Assembleia Geral da ONU.

Jair Bolsonaro, o ex-verdugo do Planalto, nos rebaixou a um patamar tão profundo com seus discursos ideológicos aloprados, ora pregando contra as vacinas, ora ameaçando golpe de Estado, que mesmo que o chefão petista pratique a costumeira bajulação pública a ditadores e ditaduras, o papel institucional da diplomacia brasuca não sairá tão chamuscado quanto dantes.

Nesta terça-feira (19), Lula dirá ao mundo que “voltamos”, e passará a prometer tudo aquilo que jamais irá entregar, e a contar sobre um País de mentira onde todos “vivem felizes para sempre”; só que não. E ainda que a Organização das Nações Unidas não viva sua melhor fase, será ouvido por centenas de autoridades internacionais, que irão cobrar, no futuro, tais promessas – mesmo que não acreditem em nenhuma.

O Brasil – faz tempo! – perdeu completamente a autoridade e a credibilidade que um dia já teve, justamente por não entregar nada do que promete, seja nas pautas sociais ou ambientais, e nos quesitos economia, educação, direitos humanos etc. Somos um fracasso como nação que se pretende desenvolvida, mas um sucesso como Pinóquio, ou Forrest Gump, o contador de histórias.

Agora vá, Lula! Minta ao mundo com a maior desfaçatez. E lembre-se: estará na ONU, onde você jura de pés juntos que foi absolvido, hehe. Na boa, fosse eu um diplomata e iria tomar um capuccino, a bordo daqueles barquinhos que navegam pelo East River, em frente à sede das Nações Unidas, enquanto esses engravatados mentirosos zombam de nossas caras, fingindo estar preocupados com o mundo.