No ano de 510 A.C., os gregos criaram a democracia. Foi a junção das palavras Demos (povo) e Cracia (governo), ensejando o “governo do povo”. Esse sistema levou Atenas a ter um incremento econômico e social sem precedentes. De lá para cá, a democracia foi aprimorada. Não é à toa que ela impera nos países desenvolvidos. Pressupõe a eleição de um governo escolhido pela maioria, e aos perdedores é assegurado o direito ao exercício do papel de oposição, de fiscalização do governo eleito. Um país sem oposição não é democrático. No Brasil de Jair Bolsonaro, temos democracia plena, no sentido da liberdade de expressão, mas em quase três meses de governo não tivemos oposição. A nossa democracia anda capenga, portanto. Sem oposição, Bolsonaro deita e rola, sobretudo nas redes sociais.

Para se analisar as causas da inexistência de oposição, é preciso ir à essência dos partidos que a representam. O PT ainda é o principal partido da oposição. Foi ao segundo turno contra Bolsonaro, com Haddad, sem carisma. Mesmo assim só chegou por ser pau-mandado de Lula, que, na verdade, é o único líder do PT. O problema é que “Lula está preso, babaca”, como disse o senador Cid Gomes a militantes petistas. Com Lula preso, o PT sucumbiu.

Fora o partido de Lula, a oposição mais organizada vem do PDT de Ciro Gomes, mas esse é outro desnorteado. Para não se unir ao PT no segundo turno, fugiu para Paris . Na volta, disse que faria oposição menos radical. Afirmou que até poderia apoiar Bolsonaro nas questões essenciais ao País.

Restaria ainda a oposição que Marina Silva disse que faria. O problema é que ela é abduzida após cada eleição, voltando à terra quando começa um novo pleito. Além dela, podia se esperar que o ex-governador Geraldo Alckmin, que disputou o primeiro turno contra Bolsonaro, criticando-o vorazmente, pudesse fazer oposição. Mas que nada. Alckmin simplesmente não se manifesta sobre coisa alguma, embora ainda seja o presidente do PSDB.

Portanto, hoje só quem faz oposição ao governo são os que apoiam o próprio governo, como os destrambelhados comandados por Olavo de Carvalho e seus seguidores. Usando palavrões, Olavo tem fomentado crises desnecessárias. Nenhum dos problemas de Bolsonaro foram provocados pelos moribundos oposicionistas, mas por seus ideólogos. No Brasil, a oposição esfacelada permite que Bolsonaro cometa seus desatinos, à margem de qualquer controle dos dispositivos democráticos.

No Brasil, a oposição esfacelada permite que Bolsonaro cometa seus desatinos, à margem de qualquer controle dos dispositivos democráticos