A viagem do presidente Lula a Washington é um alívio não apenas para os brasileiros, mas para toda a comunidade internacional. Depois de quatro anos usando a carapuça de vilão mundial, é bom saber que voltamos ao mundo normal, onde os adultos podem sentar à mesa e discutir seus problemas como pessoas civilizadas.

O mal causado pelo governo anterior ao povo brasileiro foi enorme, mas é bom lembrar que também causou prejuízos ao Brasil como nação, no contexto global. A percepção sobre a atuação do País no exterior virou motivo de chacota entre os diplomatas estrangeiros, mas não apenas isso: amigos que moram na Europa e nos EUA relataram o aumento nos casos de preconceito, sempre associados ao comportamento nocivo do ex-presidente e sua equipe.

Quando vejo que contamos com o chanceler Mauro Vieira à frente do Itamaraty, recordo com pesar que já tivemos no importante cargo de ex-ministro das Relações Exteriores um sujeito como Ernesto Araújo. Ele deixou o cargo em março de 2021 pela porta dos fundos e após uma gestão patética, mas deixou a marca pelo qual será conhecido pela história. “Que sejamos párias. É bom ser pária, esse pária aqui, esse Brasil”, afirmou. Não sei se você, leitor, compreende a gravidade da afirmação, ainda mais vinda de um ministro das Relações Exteriores de um país. Ele afirmou, com todas as letras, que “era bom ser pária”.

Pelo nível cognitivo do ministério anterior, é bem possível que ele não soubesse o significado da palavra. A definição do Oxford é essa aqui: “pessoa mantida à margem da sociedade ou excluída do convívio social”.

Araújo, pelo menos, é coerente. Desde que deixou o governo nunca mais se ouviu falar dele – está à margem da sociedade e foi excluído do convívio social.

Lula tem seus problemas com política externa, principalmente quando não condena ditaduras de esquerda – ele critica apenas os regimes autoritários de direita, como se houvesse diferença. Mas não dá nem para comparar: sua posse presidencial foi a que mais reuniu chefes de estado e de governo, segundo o Itamaraty. Foram 21, entre eles o rei da Espanha e os presidentes de Portugal e da Alemanha, entre outros. O mundo estava com saudade do Brasil.

Em pouco mais de um mês de governo, Lula já visitou a Argentina e o Uruguai, e hoje chega aos EUA para um encontro na Casa Branca. É assim que os adultos agem. Sem picuinhas inúteis voltadas para as redes sociais, mas com responsabilidade. É bom saber que Lula, finalmente, vai poder explicar pessoalmente ao presidente Joe Biden que o Brasil não é mais um país de párias.

Thank you, Mr. President.