O presidente Lula sancionou, nesta terça-feira (31/10), uma lei que garante o auxílio de um salário mínimo mensal, por família, aos menores de 18 anos que perderam a mãe por feminicídio.

Toda vez que quantificamos mortes, acabamos desumanizando os atingidos, reduzindo-os a números. Porém, ainda que cada tragédia, individualmente falando, seja enorme, para fins estatísticos leva-se em conta o todo, e não a parte.

Neste sentido, em 2022, o Brasil contou 1.437 vítimas de feminicídio. Em um país continental, com mais de 200 milhões de habitantes e mais de 50 mil mortes violentas todos os anos, o número é relativamente baixo.

A lei sancionada pelo presidente, portanto, tem pouquíssimo impacto público, ainda que justa e extremamente necessária aos órfãos desamparados. E mais: tal lei delimita o auxílio a famílias que não atingem renda mensal superior a 25% do salário mínimo.

Além deste teto, há também a proibição de cumulatividade com outros benefícios previdenciários. Assim, resumir-se-á ainda mais o número de beneficiados, tanto que a dotação orçamentária prevista é pífia: cerca de 35 milhões de reais até 2025.

Porém, nada disso impediu a propaganda e o investimento oficial midiático, afinal, uma causa justa e extremamente positiva, eleitoralmente falando. Temos, portanto, políticos e governantes “lucrando” votos e boa imagem sobre tragédias alheias.

A raiz do drama, qual seja, a extrema pobreza de algumas famílias e a violência doméstica contra as mulheres, continua sem resolução. Nem mesmo políticas assertivas de curto, médio e longo prazo existem. Ou seja, o problema continuará existindo.

Eis o populismo brasuca em sua mais fiel essência. A manipulação eleitoreira de nossas mazelas sociais. Seca, fome, doenças, violência… tudo é utilizado de forma sorrateira – e rasteira! – pelos maiores responsáveis, os políticos e governantes, que trocam a solução por esmolas a sociedade.