O cerco dos Estados Unidos à Venezuela foi objeto de uma divergência neste sábado, 20, entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o mandatário da Argentina, Javier Milei, na reunião de cúpula do Mercosul.
Enquanto o brasileiro alertou para uma “catástrofe” em caso de guerra, o ultraliberal saudou “a pressão” de Donald Trump sobre o regime de Nicolás Maduro. Embora o tema não estivesse na agenda, os dois líderes deixaram claras suas posições opostas no encontro em Foz do Iguaçu, um dia depois do presidente americano afirmar que não descarta entrar em conflito militar com as tropas venezuelanas.
A cúpula tinha como objetivo selar um acordo histórico de livre-comércio entre os membros iniciais do Mercosul – Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai – e a União Europeia, mas as reticências de França e Itália adiaram a assinatura, no último momento.
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Lula e a defesa da Venezuela
Anfitrião do encontro, Lula colocou a Venezuela na pauta. “Quatro décadas depois da guerra das Malvinas, o continente sul-americano volta a ser ameaçado pela presença militar de uma potência extrarregional. Uma intervenção armada na Venezuela seria uma catástrofe humanitária para o hemisfério, e um precedente perigoso para o mundo”, afirmou o petista.
Lula se ofereceu nesta semana para mediar a crise entre Washington e Caracas, em busca de uma saída diplomática, assim como fez sua colega mexicana, Claudia Sheinbaum.
Milei na linha de apoio de Trump
Aliado de Trump, Milei saudou “a pressão” dos Estados Unidos para “libertar o povo venezuelano“. “A ditadura atroz e desumana de Nicolás Maduro projeta uma sombra sobre a nossa região”, acrescentou.
O governo Trump aplica a pressão máxima contra Maduro e a cúpula do seu governo, que acusa oficialmente de liderar um cartel do narcotráfico. Já o presidente venezuelano acusa a Casa Branca de buscar se apropriar de suas vastas reservas de petróleo.