O prazo para as convenções partidárias previstas no calendário eleitoral já se encerrou. Nesta semana, em São Paulo, foram realizadas as últimas convenções: a dos candidatos Pablo Marçal (PRTB) e Ricardo Nunes (MDB), que tenta a reeleição. Além da dupla, o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL), José Luiz Datena (PSDB) e Tabata Amaral (PSB) também participaram de seus respectivos atos partidários.

Em um pleito nacionalizado, as convenções em São Paulo foram marcadas pela presença dos padrinhos da política nacional, Lula (PT) e Bolsonaro (PL), ataques entre candidatos e brigas internas no PSDB.

Bolsonaro e Tarcísio impulsionam evento de Nunes

O prefeito Ricardo Nunes (MDB) confirmou sua candidatura à reeleição para a prefeitura de São Paulo neste sábado, 3, durante a convenção do MDB. O evento aconteceu na área externa da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), e contou com as presenças do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), do ex-presidente Michel Temer (MDB) e da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL).

No evento, Nunes e seus aliados mostraram que o maior alvo da campanha é Guilherme Boulos (PSOL), que divide a liderança com o emedebista e com o tucano Datena nas pesquisas de intenção de voto.

Durante uma fala, Nunes afirmou que Boulos representa um “perigo” para São Paulo e citou a manifestação feita pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) no Ministério da Fazenda em março, que chamou de “invasão”. Ele ainda fez coro às declarações bolsonaristas e insinuou que a cidade seria um espelho da Venezuela.

“O PSOL é um perigo para a nossa cidade, para o povo de São Paulo. Estamos unidos contra a ameaça de ter uma figura como o Guilherme Boulos, que outro dia estava invadindo o Ministério da Fazenda, a Fiesp, boicotando a Copa do Mundo e fechando estradas pelo Brasil, [na prefeitura]. Esse partido é um satélite na América do Sul do que vemos que a Venezuela é capaz de fazer”, afirmou.

A coligação de Nunes, chamada “Caminho Seguro para São Paulo”, conta com 11 partidos: PL, PSD, Republicanos, Progressistas, Podemos, Solidariedade, PRD, Agir, Mobiliza, Avante e o União Brasil.

Boulos aposta no apoio de Lula

A convenção de Guilherme Boulos contou não só com a participação de sua vice, Marta Suplicy (PT), mas também com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e de mais sete ministros de Estado, entre eles o ex-prefeito da capital e atual ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

A vitória de Boulos é uma das principais apostas da esquerda, já de olho na eleição de 2026. Não por acaso, durante a convenção, Lula afirmou que Boulos não é apenas o candidato do PSOL, mas de todos os partidos que compõem a coligação “Amor por São Paulo”, que reúne um total de oito partidos: PSOL, PT, PDT, Rede, PCdoB, PV, PMB e PCB. O tom do discurso confirmou tanto a nacionalização da disputa na cidade quanto a expectativa de que Lula participe ativamente da campanha eleitoral.

Estiveram presentes os ministros Fernando Haddad (Fazenda), Sonia Guajajara (Povos Indígenas), Marina Silva (Meio Ambiente), Alexandre Padilha (Relações Institucionais), Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário), Luiz Marinho (Trabalho e Emprego), Luciana Santos (Ciência e Tecnologia) e Marcio Macedo (Secretaria-Geral da Presidência). A primeira-dama, Janja da Silva, também compareceu à convenção.

Convenção do PSDB é marcada por briga entre alas do partido e discussão entre Datena e manifestantes

O apresentador de TV José Luiz Datena foi oficializado, pela primeira vez, como candidato a prefeito. Após sucessivas desistências desde as eleições de 2016, o jornalista foi apresentado como candidato à Prefeitura de São Paulo durante a convenção realizada pelo PSDB na Alesp.

Com o objetivo de conter a ala que apoia a reeleição de Ricardo Nunes no partido, o PSDB homologou a candidatura de Datena antes mesmo da convenção, mas a decisão foi insuficiente.

O evento teve protestos de militantes tucanos contra o apresentador dentro e fora da Alesp, sob a liderança de Fernando Alfredo, ex-presidente municipal da sigla, que chegou a pedir o adiamento da convenção para se apresentar como pré-candidato.

No auditório onde a candidatura foi oficializada, Datena questionou: “Quem financiou toda essa gente que está aí fora? Quem pagou esses baderneiros?”.

Em seguida, anunciou que sairia do local “pela porta da frente”: “Se me baterem, vão aviltar a democracia. Se me matarem, há de sobrar gente para governar São Paulo”. Na saída, o jornalista ouviu gritos de “arregão” e “golpista” e, cercado por seguranças e policiais, bateu boca com os manifestantes, como reportou o site IstoÉ com vídeos do momento.

Marçal: chapa puro-sangue, vice mulher e ataque a candidatos

Sem o apoio de outros partidos, Marçal oficializou neste domingo, 4, sua candidatura à Prefeitura de São Paulo pelo PRTB. Na convenção, em uma espécie de “chá revelação”, Marçal anunciou a policial militar Antônia de Jesus (PRTB) como vice na chapa. Em entrevista coletiva após o evento, ele disse que escolheu uma mulher como vice porque acredita que elas são mais inteligentes e sensíveis.

No momento mais duro do discurso, ampliou os ataques a todos os seus oponentes no pleito, afirmou que “o pau vai quebrar” nos debates e acusou dois candidatos de serem usuários de drogas.

“Põe todos [os meus concorrentes] enfileirados. Se eu perder para eles, largo de fazer o que estou fazendo. Dá uma prova do Enem para ver se eu não passo na frente de qualquer um deles. Faz um exame toxicológico e você vai ver que dois dos que estão concorrendo são cheiradores de cocaína. Eu tenho esse prontuário na minha mão, e vamos mostrar isso para todo mundo. Vou revelar no debate”, disse.

União Brasil confirma apoio a Nunes, e Kim critica o próprio partido

Também neste sábado, 3, o União Brasil formalizou seu apoio ao candidato a Ricardo Nunes. A sigla era a única da base do prefeito que ainda não havia confirmado a aliança com o emedebista. O anúncio foi feito pelo presidente da Câmara Municipal, Milton Leite (União-SP). Leite foi a principal ausência na convenção do MDB que confirmou a candidatura de Nunes neste fim de semana.

A confirmação pôs fim ao desejo do deputado federal Kim Kataguiri (União-SP) de concorrer à prefeitura pelo partido. Na última quinta-feira, 1º, o parlamentar já havia anunciado sua desistência do pleito. Em coletiva, Kataguiri criticou a falta de endosso do União Brasil: “Fui sabotado pelo meu partido”. Apesar das declarações, o parlamentar declarou seu apoio a Nunes.

O União Brasil demorou a confirmar a aliança com Nunes devido à insatisfação com a escolha de Ricardo Mello como vice. O ex-comandante da Rota foi a indicação de Bolsonaro para a posição, que também era almejada por Leite.