Lula diz que Trump virou ‘amigo’, mas cobra diálogo com Venezuela

BRASÍLIA, 18 DEZ (ANSA) – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quinta-feira (18) que o mandatário dos Estados Unidos, Donald Trump, se tornou “um amigo”, porém cobrou do americano diálogo para evitar uma guerra na Venezuela.   

“O Trump virou meu amigo. Com um pouco de conversa, dois homens de 80 anos de idade não têm porque brigar, sem nenhum tiro, nenhuma arma, nenhuma bomba , nenhum navio bloqueando a costa brasileira”, disse o petista durante uma coletiva de imprensa em Brasília.   

Segundo Lula, “o poder da palavra é o mais forte”, basta “saber usá-lo para resolver grande parte dos problemas da política”.   

Os dois presidentes iniciaram um processo de aproximação em setembro passado, na Assembleia Geral da ONU, após meses de tensão devido ao tarifaço imposto pelos EUA contra produtos brasileiros e às sanções contra autoridades do país.   

Desde então, Lula e Trump já se encontraram pessoalmente, conversaram por telefone, e Washington relaxou as medidas comerciais e políticas contra o Brasil.   

“É direito soberano de qualquer país taxar produtos do exterior. O que eu fui contra é que os motivos para a taxação não eram verdadeiros, e acho que o presidente Trump já reconheceu isso. Eu tenho interesse em continuar a boa relação com os Estados Unidos da forma mais civilizada, como sempre foi”, salientou o petista.   

O presidente também foi questionado sobre os ventos de guerra na Venezuela, com o crescente destacamento de forças militares americanas no Mar do Caribe e no Pacífico, e se ofereceu como mediador entre Washington e Caracas.   

“Eu tive a oportunidade de conversar com o presidente Maduro por quase 40 minutos, depois conversei com o presidente Trump.   

Isso aqui é uma zona de paz, não é uma zona de guerra, e eu disse para o Trump que as coisas não seriam resolvidas dando tiro”, afirmou.   

De acordo com Lula, ainda não está claro o que motiva as ações dos EUA contra a Venezuela. “Nunca ninguém diz concretamente por que é preciso fazer essa guerra, não sei se o interesse é só o petróleo, ou se são os minerais críticos, a terras raras? O dado concreto é que ninguém coloca na mesa o que quer. Nós temos muitos quilômetros de fronteira com a Venezuela, não queremos uma guerra aqui no nosso continente”, ressaltou.   

O presidente também revelou que pretende conversar com Trump mais uma vez “antes do Natal”, com o objetivo de avaliar se o Brasil “pode contribuir para ter um acordo diplomático, e não uma guerra fratricida”. (ANSA).