 "Marcelo Camargo/Agência Brasil")
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) classificou a atitude de Donald Trump de impor tarifas de 50% sobre produtos brasileiros como “absurda” e “desrespeitosa”. Em entrevista ao Jornal da Record, o petista ainda alegou que deve recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC) para analisar a decisão do chefe executivo americano.
“O Brasil é um país em que tudo se resolve na conversa. Mas eu achei aquela carta do pretendente – porque ele não é presidente, é pretendente – absurda. Não é costume ficar mandando recado por rede social para um chefe de Estado”, disparou Lula.
Ao criticar a carta das sanções, o presidente afirmou que Trump “desconhece profundamente a realidade do Brasil”. Além de prometer a criação de um comitê de acompanhamento das relações entre os dois países, Lula garantiu providências no âmbito diplomático.
“Temos vários caminhos. Podemos recorrer à OMC [Organização Mundial do Comércio], propor investigações internacionais, cobrar explicações. Mas o principal é a Lei da Reciprocidade, aprovada no Congresso. Se ele cobrar 50% da gente, a gente vai cobrar 50% dele.”
Lula manteve firme sua decisão de responder as tarifas de Trump e reforçou que o Brasil não tem “complexo de vira-lata” e não irá se curvar às exigências do estadunidense.
“Eles têm que respeitar o nosso Judiciário como eu respeito o deles. Se o que Trump fez no Capitólio tivesse acontecido aqui, ele estaria sendo processado como o Bolsonaro e poderia até ser preso. Aqui, o Judiciário é autônomo, sobretudo o STF.”
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Trump x Lula
Na última quarta-feira, 9, o presidente Donald Trump mirou sua artilharia tarifária no Brasil ao anunciar sobretaxas de 50% sobre todos os produtos brasileiros exportados aos Estados Unidos. Na carta em que definiu as tarifas, o republicano citou Jair Bolsonaro (PL) e afirmou que o ex-presidente, réu no STF (Supremo Tribunal Federal) por participação em uma suposta tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022, é vítima de “caça às bruxas” do Judiciário brasileiro.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reagiu. Disse que nenhum chefe de Estado poderá interferir na soberania brasileira e prometeu aplicar a Lei da Reciprocidade Econômica para responder às tarifas americanas.
Nesta quinta-feira, 10, convocou ministros ministros ao Palácio da Alvorada para discutir as formas de retaliação. Se não houver recuo, as taxas entram em vigor em 1º de agosto, intervalo que mobiliza as principais lideranças políticas das duas nações para capitalizar com o cenário.