Diante de George W. Bush na Casa Branca, em 2002, o presidente Lula teve postura firme e gentil ao mesmo tempo. Naquela ocasião, o republicano queria a participação do Brasil na guerra do Iraque. Com um sorriso no canto da boca e tapinhas nas costas, ele respondeu com um sonoro não. E, agora, em seu terceiro governo volta a dizer não a um presidente dos EUA. O democrata Joe Biden solicitou a entrada do País no conflito que ocorre entre Ucrânia e Rússia com a cooperação de outras nações. Mais uma vez, Lula foi pragmático e declarou que sua guerra é contra a fome e que prefere reunir países neutros e formar um grupo que seja capaz de propor caminhos para o cessar-fogo.

A proposta é semelhante ao que a diplomacia brasileira desenvolveu em parceria com a Turquia, em 2010: um acordo que permitia trocas de combustível nucleares do Irã com outras nações, a fim de evitar que o país sofresse sanções econômicas das grandes potencias. Apesar de a resolução não ter saído do papel, a liderança internacional de Lula foi consolidada. A assertividade do presidente brasileiro nos EUA está alinhada com a política praticada pelo Itamaraty, o qual tem como um de seus princípios a não intervenção em outros países. Por fim, o Brasil exerce natural liderança sob nações latino-americanas e, ao se colocar fora da disputa entre ucranianos e russos, Lula oferece direção às nações vizinhas que, certamente, o seguirão. Já formaram coluna contra a guerra e a favor da paz, chefes de Estado como Alberto Fernández, da Argentina, Luis Arce, da Bolívia e Gustavo Petro, da Colômbia. A criação de um clube de nações em prol do armistício é bem-vinda. Agora é apenas uma questão de tempo para que a ideia seja colocada em prática.