Lula diz ao NYT que postura de Trump é ‘vergonhosa’

SÃO PAULO, 30 JUL (ANSA) – O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, criticou a postura de seu homólogo nos Estados Unidos, Donald Trump, em entrevista ao New York Times publicada nesta quarta-feira (30). Para ele, é “vergonhoso” que o republicano tenha usado suas redes sociais para taxar as mercadorias brasileiras em 50% e “fazer ameaças”.   

“O comportamento do presidente Trump fugiu de todo padrão de negociação e diplomacia que se conhece no mundo”, disse Lula em sua primeira declaração em 13 anos a um dos mais influentes jornais americanos, que explicou a seus leitores que a penalidade imposta pela Casa Branca se deve a um pedido de anistia negado pelo Brasil ao ex-presidente Jair Bolsonaro, acusado, dentre outras coisas, de tentativa de golpe de Estado.   

“Talvez ele [Trump] não saiba que aqui no Brasil o Judiciário é independente do Executivo e do Legislativo”, falou o mandatário, acrescentando que “quando você tem um desentendimento comercial, um desentendimento político, você pega o telefone, marca uma reunião, conversa e tenta resolver o problema. O que você não faz é taxar e dar um ultimato”, salientou.   

Lula também destacou que representantes do governo brasileiro fizeram ao menos “10 reuniões” com membros da Secretaria de Comércio dos EUA (USTR), mas que “ninguém quer conversar”.   

“Em nenhum momento o Brasil negociará como se fosse um país pequeno contra um país grande. Conhecemos o poder econômico dos EUA, seu poder militar, seu tamanho tecnológico”, reforçou.   

Na visão do brasileiro, caso não haja um acordo sobre as tarifas de 50%, que entrarão em vigor no próximo 1º de agosto, o povo americano também será prejudicado, já “que os EUA enfrentarão preços mais altos por café, carne bovina, suco de laranja e outros produtos que são, em grande parte, originários do Brasil”, lembrou o NYT.   

“Nem o povo americano, nem o povo brasileiro merece isso.   

Porque vamos passar de uma relação diplomática de 201 anos de ganha-ganha para uma relação política de perde-perde”, concluiu Lula, descrito pelo jornal americano como “indiscutivelmente o estadista latino-americano mais importante deste século”.   

(ANSA).