Lula despacha do Alvorada após diagnóstico de labirintite; entenda os sintomas

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), de 79 anos, irá despachar do Palácio do Alvorada nesta terça-feira, 27, segundo a Secom (Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República). O petista foi diagnosticado com labirintite na segunda-feira, 26, após apresentar sintomas de vertigem, de acordo com um boletim do Hospital Sírio-Libanês divulgado pelo governo. Lula recebeu orientações dos médicos para permanecer em repouso e cancelou parte da agenda.

Segundo o boletim do Hospital Sírio-Libanês, Lula apresentou um “quadro de vertigem, com diagnóstico de labirintite”. Os exames de imagem e de sangue tiveram resultados “todos dentro da normalidade”, apontaram os médicos.

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Lula tinha previsão de participar de uma reunião com reitores no Palácio do Planalto e depois de ir ao Itamaraty para um evento de comemoração do Dia do Diplomata. No primeiro encontro, o presidente será representado pelos ministros da Fazenda, Fernando Haddad, e da Educação, Camilo Santana. No Itamaraty, pelo vice-presidente Geraldo Alckmin.

Na manhã desta terça-feira, 27, Lula recebeu a médica Ana Germoglio. O petista está medicado e os sintomas de labirintite devem passar dentro de um prazo de 24 a 48 horas, segundo a Secom.

Em dezembro, Lula foi operado em São Paulo com urgência para drenar um hematoma causado por um acidente que sofreu em outubro, quando bateu a nuca ao cair no banheiro da residência oficial. Após afirmar que estava recuperado em janeiro, o presidente retomou a agenda de reuniões e viagens internacionais, incluindo visitas a China, Rússia, Vietnã e Japão.

O que é a vertigem?

De acordo com o médico Márcio Salmito, otorrinolaringologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, a vertigem é o sintoma em que o paciente sente que tudo está se movimentando. “Tipicamente a pessoa tem a sensação de que a cabeça está girando”, aponta o especialista.

Salmito explica que nem sempre a vertigem indica uma crise de labirintite, portanto, uma pessoa que apresentar o sintoma subitamente e de forma aguda deve procurar atendimento médico com urgência. “É fundamental identificar se a origem está em alguma das diversas doenças do labirinto, ou se, na verdade, trata-se de uma condição neurológica”, comenta o médico.

Segundo o otorrinolaringologista, além das doenças do labirinto, um problema neurológico pode causar vertigem quando a área do cérebro afetada envolve partes do sistema nervoso central relacionadas ao equilíbrio, geralmente localizadas próximas da nuca.

“Assim, um AVC, um tumor ou um sangramento nessa região pode se manifestar com vertigem. Qualquer alteração neurológica que afete essas estruturas pode gerar esse sintoma”, explica o médico do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.

O que é a labirintite?

Conforme Augusto Abrahão, otorrinolaringologista do Hospital Albert Einstein, a labirintite é uma inflamação do labirinto — estrutura responsável pelo equilíbrio do corpo — que pode ocorrer de forma infecciosa, como viral ou bacteriana, pós-traumática, ocorrendo depois de uma pancada ou cirurgia na região, ou autoimune.

“Muitas pessoas falam que tiveram labirintite, mas esses processos de inflamação do labirinto são raros. […] São todas as doenças do labirinto que levam à tontura”, comenta o médico.

Quando ocorre uma labirintite, o paciente sofre com tonturas rotatórias de forte intensidade e, dependendo da extensão da inflamação, ela pode levar a uma perda auditiva, de acordo com Abrahão. O médico ressalta que o diagnóstico é feito por um otorrinolaringologista de forma clínica e por meio de exames.

Como é o tratamento?

Abrahão explica que o tratamento da doença é feito em duas etapas. Primeiro, o labirinto é sedado para que o paciente não sofra mais com tonturas e são usados medicamentos para reverter a inflamação.

“No segundo momento entra muito uma fisioterapia do labirinto, que é chamada de reabilitação vestibular, aonde através de exercícios, estimulamos esse labirinto que foi lesado a se recuperar e voltar à sua função originária”, comenta o médico.

O otorrinolaringologista do Hospital Albert Einstein aponta que não há uma forma de se prevenir da labirintite, mas pessoas que possuem uma sensibilidade maior no labirinto, como pacientes que sentem tontura por um passeio de barco, por exemplo, também podem fazer exercícios para a estrutura.

*Com informações do Estadão e do AFP