Quando o ex-presidente Lula foi preso em 7 de abril de 2018 em uma sala de 15 metros quadrados no quarto andar da sede da Polícia Federal em Curitiba, logo tratou de converter o cárcere em espaço multiuso. Mandou vir a televisão, onde assiste a filmes, noticiários e jogos de futebol. Fez instalar uma esteira ergométrica, onde pratica ginástica, que reveza com banhos de sol. Conseguiu uma mesa e uma cadeira para ler livros de não-ficção, escrever memórias, ensaios, artigos e manifestos, além de orientações aos youtubers que o veneram. Às segundas e quintas-feiras, passou a receber visitas de celebridades, políticos, familiares e amigos. Fez amizade com os agentes policiais, que têm frequentado sua “sala de visitas”, mantendo sempre a porta aberta. Os policiais costumam se sentar à beira da cama de Lula , onde batem papo e trocam ideias. Nas últimas semanas, ganhou uma sala de conferência para conceder entrevistas a grandes veículos. A rotina é agitada. O preso emagrece e ganha músculos.

Na quinta-feira 16, o economista Luiz Carlos Bresser-Pereira visitou-o com o ex-chanceler Celso Amorim, e presenteou Lula com um exemplar de seu livro, “A Construção Política do Brasil”. No sábado, Bresser anotou no Facebook: “Está apaixonado e seu primeiro projeto ao sair da prisão é se casar. Ele está em ótima forma física e psíquica”. O anúncio bombou nas redes sociais.

Logo foi revelado o nome da namorada: Rosângela da Silva, de 52 anos, mas aparência de 30. Trabalha na Itaipu Binacional há 16 anos, quando Lula era presidente e Gleisi Hoffmann, atual presidente do PT, diretora financeira da estatal. O casal se conheceu em 1993 durante as Caravanas da Cidadania. Paulistana, mora em Curitiba, conhecida pelos amigos pelo apelido de Janja. O relacionamento entre Lula e Janja é de conhecimento de correligionários. “O presidente Lula tem direito de ser feliz, se relacionar com alguém”, disse à ISTOÉ o vereador paulista e petista histórico Eduardo Suplicy. Para o ex-prefeito de Diadema, Gilson Menezes, amigo de Lula desde a época do sindicalismo no ABC, é um fato normal. “O presidente está bem de saúde”. afirmou. “Deve namorar”, O círculo petista próximo do ex-presidente repudiou a revelação de Bresser, pois a informação era mantida em segredo para preservar a privacidade do político.

Da cela ao altar

Por conselho do PT, Janja tentou se manter nas sombras. Como é uma pessoa expansiva, não se conteve, dizem os amigos. Acompanhou Lula na caravana pelo Sul, em abril de 2018. Participou da Vigília Lula Livre, em frente ao prédio da PF. Janja se juntou às manifestações no local. Nos festejos de um ano da prisão de Lula, ela cantou o samba “Apesar de você”, de Chico Buarque. Os participantes da vigília não sabiam que o amor entre os dois já estava longe do raso.

O romance começou em dezembro de 2017. Lula jogava bola com Chico Buarque, uma partida entre os times do MST e do Polytheama, para inaugurar o campo dos sem-terra em Guararema (SP), batizado de “Doutor Sócrates Brasileiro”. Janja via o jogo como torcedora, com a camisa de número 13 do Polytheama. Lula fez um gol, mas cometeu falta grave e foi expulso pelo juiz, o jornalista e corintiano Juca Kfouri. Foi ali que tudo começou. Do futebol e da militância, o casal se aprofundou na paixão. Janja trancou suas redes sociais e não concede entrevistas.

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Esse tipo de amor intenso é rotina para Lula. Ele tem a fama de polo de atração de admiradoras, antes de começar a carreira como sindicalista. Em sua terra natal, Caetés, em Pernambuco, corre a lenda de que dona Lindu, quando deu à luz Lula, em 27 de outubro de 1945, besuntou o corpo do bebê com mel, produto abundante na cidade vizinha de Garanhuns. Este teria sido a poção inicial para turbinar a carreira amorosa e política de Luiz Inácio. Emotivo e carismático, ele é capaz de encantar do mais xucro sindicalista do ABC a oponentes políticos. Aplicou a habilidade para seduzir mulheres, de repórteres a estrelas de televisão, sem mencionar a pletora de tietes militantes que o seguem. Enviuvou duas vezes e colecionou namoradas.

Além de todos os usos que deu à cela/sala, Lula foi capaz de convertê-la em ninho de amor. Começar um relacionamento é difícil na prisão, sobretudo no caso dele, que não tem permissão de receber visitas íntimas. Mas até nisso deu um jeito. Janja foi incluída na lista de amigos e fez cinco visitas à cadeia nos últimos meses. Sempre vai acompanhada e os encontros ocorrem de portas abertas. Lula e Janja trocaram anéis de compromisso, como se chamam hoje as alianças de noivado, desde que o trio Jonas Brothers lançou a moda. Lula o exibiu durante a entrevista ao site Intercept Brasil na semana passada, mas ninguém notou. Há quem suspeite de que Lula tenha pedido a Bresser para dar a notícia e chamar a atenção sobre o romance. Janja e Lula prometem se casar em breve, mesmo que, por alguma fatalidade, ele jamais saia da prisão. Afinal, Lula parece ter poderes para transformar uma cela em cartório… e até em altar.

 


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