BRASÍLIA, 17 DEZ (ANSA) – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quarta-feira (17) que o acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul precisa ser fechado imediatamente, sob risco de não ser mais assinado durante seu mandato.
A declaração foi feita durante discurso em uma reunião do Conselho de Ministros, em Brasília.
“É importante lembrar que essa reunião do Mercosul era [para ser realizada] dia 2 de dezembro. Eu mudei para o dia 20 de dezembro porque a União Europeia pediu. E, agora, eu estou sabendo que eles não vão conseguir aprovar o acordo. Se não fizer agora, o Brasil não fará mais acordo enquanto eu for presidente”, declarou Lula.
O presidente ressaltou que as negociações se arrastam há mais de duas décadas. “Estamos esperando por este acordo há 26 anos, e é um acordo que favorece mais a Europa do que o Mercosul”, afirmou, em tom visivelmente irritado.
Lula também citou resistências internas em países europeus.
Segundo ele, o presidente francês, Emmanuel Macron, se opõe ao acordo por pressões do setor agrícola, e a posição da Itália também causa estranhamento.
“Macron não quer assinar por causa dos agricultores, e não entendemos por que a Itália não quer assinar”, continuou.
O presidente brasileiro enfatizou ainda que os países do Mercosul já fizeram todas as concessões possíveis. “O fato concreto é que nós, no Brasil, e nós, no Mercosul, abrimos mão de tudo o que podíamos abrir mão”, disse.
Por fim, Lula defendeu o fortalecimento do multilateralismo por meio do acordo, que envolveria um mercado de cerca de 722 milhões de pessoas. De acordo com ele, a conclusão do tratado é ainda mais relevante em um contexto internacional marcado pelo avanço de posições unilaterais. (ANSA).