02/04/2021 - 19:29
A entrevista de Lula da Siva ao Reinaldo Azevedo na Bandnews é, dependendo do ponto de vista, um conto de fadas e um filme de terror. Mas o resumo é bem simples: Lula tá de volta! No Brasil a realidade sempre ultrapassa a ficção.
Na semana em que os generais recusaram obedecer ao presidente capitão, enfraquecendo — quem sabe definitivamente — a chance de “golpe militar” que muitos acreditavam ser uma evolução possível, e até natural, na estratégia bolsonarista, o antigo presidente do PT volta à ribalta, cheio de energia, mostrando, a quem pudesse duvidasse, que o Brasil vai ter muito Lula para sambar .
Na boleia do Reinaldo, as falas do Lula são um tratado de ciência política. Lula pode ter muito defeitos, até os mais graves, mas na comunicação ele é muito bom de bola. Lula finta e passa, trata como poucos o Brasil por “tu”, mas sabe que as chances dele estão onde a coruja dorme. Ele vai precisar de muita sorte, muita firula, muito bando de louco na bancada pra levantar de novo a taça.
Mal abriu o placar, Lula correu pro abraço. Sabe que os ventos que agora lhe correm de feição podem mudar a qualquer hora e ele também sabe que precisa molhar a camisa e dar o sangue pra poder chutar pro gol em 2022.
Mas logo que o velho metalúrgico calçou de novo as chuteiras, imediatamente se acenderam todas as campainhas da geometria do poder em Brasília. Meia dúzia de putativos presidenciáveis — e que ainda não são candidatos — escrevem um manifesto contra Bolsonaro, exaltando a democracia. Mas no fundo esse posicionamento é mais uma canção desesperada que um poema de amor.
Não precisa ser mister para entender que o que move verdadeiramente os ex-ministros Ciro e Mandetta, os governadores Doria e Leite, o ex-candidato Amoedo e o apresentador Huck (parece que o patrão do ex-juiz e ex-ministro Moro não deixou ele assinar) não é apenas o apoio à democracia — sempre ameaçada pelo atual Síndico-mor da Alvorada — mas é sobretudo um posicionamento eleitoral.
Para evitar que o Brasil volte a trilhar os mesmos caminhos do passado será preciso união entre todos os que não são nem Lula nem Bolsonaro – e mais preciso ainda que essa união se mostre viável aos eleitores Brasileiros.
Mas Lula foi logo avisando — “Reinaldo tome muito cuidado com isso, toda a vez que você tenta pescar em terra seca não tem peixe. Num país desse tamanho você não inventa candidato, essa gente já em 2018 teve a oportunidade de garantir a democracia, mas todos votaram no Bolsonaro, É normal que todo o mundo procure seu rearranjo e todo o mundo pode ser candidato, mas no final o povo vai ter de escolher entre dois”.
Aqui, Luís Inácio remata pro gol. Desde 1994 eu sempre fui um desses dois. Lula tá de volta!