O presidente Luiz Inácio Lula da Silva informou nesta quinta-feira, 26, que conversou por telefone com o pai da brasileira Juliana Marins que morreu após cair de um penhasco durante uma trilha no Monte Rujani, na Indonésia. Nas redes sociais, o petista garantiu que o Itamaraty irá prestar todo o apoio à família dela, inclusive o translado do corpo até o Brasil.
“Conversei hoje por telefone com Manoel Marins, pai de Juliana Marins, para prestar a minha solidariedade neste momento de tanta dor. Informei a ele que já determinei ao Ministério das Relações Exteriores que preste todo o apoio à família, o que inclui o translado do corpo até o Brasil”, escreveu Lula.
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Na quarta-feira, 25, o senador Romário Faria (PL-RJ) afirmou que iria apresentar o projeto de Lei Juliana Marins, que autoriza o governo brasileiro a pagar pelo translado e a cremação de corpos de brasileiros mortos no exterior cuja família comprovadamente não tiver como pagar.
“Não é privilégio. É dignidade. É estender a mão quando a família mais precisa”, escreveu Romário em sua conta no Instagram.
Também na quarta-feira, o prefeito da cidade de Niterói (RJ), Rodrigo Neves (PDT), anunciou que a prefeitura iria pagar pelo translado do corpo de Juliana Marins.
Atualmente, a legislação brasileira “proíbe expressamente” que o serviço seja pago com recursos públicos. Segundo o Ministério das Relações Exteriores, o decreto nº 9.199/2017 prevê que “a assistência consular não compreende o custeio de despesas com sepultamento e traslado de corpos de nacionais que tenham falecido do exterior, nem despesas com hospitalização, excetuados os itens médicos e o atendimento emergencial em situações de caráter humanitário”.
O ministério afirma que, em caso de falecimento de cidadão brasileiro no exterior, as embaixadas e consulados brasileiros podem “prestar orientações aos familiares, apoiar seus contatos com o governo local e cuidar da expedição de documentos, como o atestado consular de óbito, tão logo terminem os trâmites obrigatórios realizados pelas autoridades locais”.
A morte da Juliana, que era publicitária e moradora de Niterói (RJ), gerou comoção. O corpo da jovem foi encontrado nesta terça-feira, 24, após cerca de quatro dias de espera – ela sofreu uma queda enquanto fazia uma trilha na sexta-feira, 20.
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Família acusa Indonésia de ‘negligência’
A família da turista brasileira Juliana Marins criticou a lentidão da operação de resgate, antes da autópsia que estava programada para esta quinta-feira para determinar o horário da morte.
Juliana, 26 anos, desapareceu no segundo maior vulcão da Indonésia, o Monte Rinjani, localizado na ilha de Lombok. As tentativas de resgatar a brasileira foram prejudicadas pelo clima desafiador e pelo terreno acidentado, depois que autoridades localizaram seu corpo imóvel com um drone.
As equipes de resgate finalmente alcançaram seu corpo na noite de terça-feira, 24, após um esforço de vários dias, e o recuperaram na quarta-feira, 25.
A família acredita que Juliana poderia ter sido salva se tivesse sido alcançada em algumas horas, e não dias. “Juliana sofreu uma grande negligência por parte da equipe de resgate. Se a equipe tivesse chegado até ela dentro do prazo estimado de 7h, Juliana ainda estaria viva”, escreveu a família na quarta-feira em uma conta do Instagram que acumula mais de um milhão de seguidores.
“Juliana merecia muito mais! Agora nós vamos atrás de justiça por ela, porque é o que ela merece! Não desistam de Juliana!”, acrescenta a mensagem.
Em uma mensagem publicada nesta quinta-feira, 26, a família agradece aos “voluntários que, com coragem, se dispuseram a colaborar para que o processo de resgate de Juliana fosse agilizado”.
Diretor se reuniu com a família
O diretor da agência nacional de busca e salvamento da Indonésia, Mohammad Syafii, disse na noite de quarta-feira que se reuniu com a família de Juliana para explicar os desafios do resgate.
As autoridades indonésias afirmaram que o corpo da brasileira será transportado para a ilha vizinha Bali nesta quinta-feira para uma autópsia, que deve determinar a causa e o horário da morte.
“A autópsia acontecerá em Bali. Procuramos a opção mais próxima, que é Denpasar,” disse Indah Dhamayanti Putri, vice-governadora da província de West Nusa Tenggara, ao citar a capital de Bali. “Eles querem saber o horário da morte”, acrescentou.
Relatos iniciais de que Juliana foi ouvida gritando após a queda provocaram a especulação de que ela estava viva horas após o acidente. Mas um drone a localizou sem se movimentar na segunda-feira e as autoridades locais afirmaram que a operação de resgate foi adiada devido ao terreno íngreme e ao mau tempo.
A ilha de Lombok é um destino turístico conhecido por suas praias paradisíacas e paisagens verdes, e muitos visitantes tentam escalar o Monte Rinjani, o segundo vulcão mais alto da Indonésia, atraídos por sua vista panorâmica.
Em 2018, centenas de trilheiros e guias ficaram bloqueados por deslizamentos de terra na montanha depois que um terremoto de magnitude 6,4 sacudiu a ilha. Ao menos 17 pessoas morreram, inclusive uma na montanha.
* Com informações do Estadão Conteúdo, AFP e DW.