Lula confirma Tebet em Ministério do Planejamento esvaziado com criação de pasta da Gestão

Lula confirma Tebet em Ministério do Planejamento esvaziado com criação de pasta da Gestão

Por Bernardo Caram e Lisandra Paraguassu

BRASÍLIA (Reuters) – O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva confirmou nesta quinta-feira que a senadora Simone Tebet (MDB-MS) comandará o Ministério do Planejamento em seu governo, completando assim a trinca dos ministérios econômicos, com Fernando Haddad na Fazenda como liderança principal da área e o vice-presidente Geraldo Alckmin à frente da Indústria e Comércio.

Para o Ministério da Agricultura, Lula anunciou o nome do senador Carlos Fávaro (PSD-MT), como esperado.

“É uma companheira que teve um papel extremamente importante na campanha, ela foi adversária nossa no primeiro turno e foi uma aliada extraordinária no segundo turno”, disse Lula ao anunciar o nome de Tebet, que foi candidata à Presidência nas eleições de outubro, durante pronunciamento no Centro Cultural Banco do Brasil em Brasília.

Tebet assumirá um ministério do Planejamento que, pelas informações disponíveis até o momento, perderá atribuições em relação à formação da pasta em governo anteriores. Ela também não ganhará o poder que almejou ao articular sua entrada na Esplanada dos Ministérios.

Após tentar inicialmente ocupar o Ministério do Desenvolvimento Social e chegar a ser convidada para o Meio Ambiente, Tebet ganha a pasta que terá o nome de Planejamento e Orçamento sem a função de gestão da máquina pública, além de levar apenas uma participação no Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), não o seu comando.

    Durante as negociações para o cargo, a senadora chegou a pedir que bancos públicos ficassem sob seu guarda-chuva no Planejamento, o que não foi aceito, segundo apurou a Reuters. As instituições, como Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil, devem ficar sob comando do futuro ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

    Antes de ser incorporado ao superministério da Economia na gestão de Jair Bolsonaro, o Planejamento tinha como função de maior destaque a formulação e acompanhamento do Orçamento federal, atribuição que será mantida pelo novo governo. Por comandar a área, Tebet também deve ajudar Haddad a formular e negociar com o Congresso o novo arcabouço fiscal do país.

    Isso não significa, porém, que a pasta terá autonomia e controle dos recursos federais, já que o cofre do governo, sob a batuta do Tesouro Nacional, estará no Ministério da Fazenda. As negociações sobre distribuição de verbas e a definição de áreas que sofrerão eventuais cortes, portanto, também passará por Haddad.

    Deve ficar com o Planejamento, como em gestões anteriores, a função de elaborar o Plano Plurianual (PPA), que traça diretrizes, objetivos e metas da administração para uma vigência de quatro anos. Até o momento, porém, a peça não tem sido central nas gestões federais.

    O novo Planejamento ainda deve ter o comando de órgãos que ficaram sob seu controle em governos passados, como Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e Secretaria do Patrimônio da União, além de ocupar cadeira no Conselho Monetário Nacional.

    Em outra decisão do governo eleito que enfraquece o poder de Tebet, contudo, será criado o Ministério da Gestão e Inovação em Serviços Públicos, comandado por Esther Dweck, com atribuições que antes eram da alçada do Planejamento. A nova pasta deve cuidar da coordenação da administração pública federal e controle da área de pessoal do Executivo, além de ser responsável por temas de governo digital.

    Área que coordena as concessões do governo e parcerias público-privadas, a secretaria do PPI será vinculada à Casa Civil do novo governo, comandada por Rui Costa –hoje o órgão é parte do Ministério da Economia.

    Desse modo, a princípio caberá a Tebet apenas participar do conselho do PPI, colegiado que define a carteira de projetos nessa área. Atualmente, esse conselho é composto pelo presidente da República, sete ministros e três presidentes de bancos públicos.

Após o anúncio de sua nomeação por Lula, Tebet afirmou a jornalistas que a pasta não será enfraquecida, “ao contrário”, argumentando que as gestões do PT tradicionalmente dão grande importância ao planejamento de políticas públicas.

“O governo do presidente Lula é um governo participativo, você não tem ação sem planejamento, metas e objetivos. Como ministério meio, nós vamos servir todas as pastas, vamos produzir diagnósticos, materiais, dados, elementos, programas e projetos, e colocar o programa de governo do presidente Lula no Orçamento e no Planejamento”, disse.

Tebet disse ainda que trabalhará em parceria com Haddad para a formulação de um novo arcabouço fiscal para o país.

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