Lula completa gabinete com mulheres em ministérios chaves

Lula completa gabinete com mulheres em ministérios chaves

O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva anunciou, nesta quinta-feira (29), os nomes que faltavam para o seu futuro gabinete, composto por quase um terço de mulheres, algumas em postos-chave como Marina Silva no Meio Ambiente e a indígena Sônia Guajajara na inédita pasta de Povos Originários.

No total, Lula anunciou 16 novos nomes que completam seu gabinete de 37 ministros, integrado por 26 homens e 11 mulheres.

“Estou feliz porque nunca antes na história do Brasil teve tantas mulheres ministras. E nunca antes tivemos uma indígena ministra dos Povos Indígenas”, disse Lula em um ato em Brasília.

O gabinete de Lula, que assume em 1º de janeiro, terá, inclusive, mais representantes femininas do que o de sua então sucessora Dilma Rousseff (2011-2016), que chegou a ter dez mulheres simultaneamente.

Marina Silva, de 64 anos, já havia ocupado essa pasta durante os dois mandatos anteriores de Lula (2003-2010), mas rompeu com ele em 2008, acusando-o de não apoiá-la o suficiente na defesa da Amazônia.

Contudo, reconciliou-se com o líder petista para se juntar à sua campanha e vencer Jair Bolsonaro, um notório defensor do garimpo ilegal e da exploração na Amazônia.

Guajajara, de 48 anos e incluída este ano na lista da revista Time das 100 pessoas mais influentes do mundo, foi uma crítica feroz do governo de Bolsonaro, que, segundo ela, implementou uma “agenda de destruição” na floresta amazônica e dos povos indígenas do Brasil.

Eleita deputada em outubro pelo PSOL, Guajajara comandará o Ministério dos Povos Originários, a primeira pasta em um governo brasileiro dedicada inteiramente aos indígenas e promessa de campanha de Lula.

Além disso, à frente do Ministério do Planejamento foi nomeada outra mulher influente: a senadora do MDB Simone Tebet, revelação das eleições ao terminar em terceiro lugar no primeiro turno, antes de apoiar Lula no segundo.

– Maior desafio na Amazônia-

Para a WWF, a inclusão de Marina Silva é “uma demonstração de seriedade” de Lula em sua promessa “de acabar com o desmatamento no Brasil”.

“É o melhor nome para restabelecer a governança ambiental do país” e “recuperar a imagem do Brasil”, assinalou, por sua vez, o Observatório do Clima.

Ela, no entanto, não terá uma tarefa fácil, especialmente para reduzir o desmatamento.

O ambiente está “muito mais crispado na Amazônia”, onde o governo deverá enfrentar o papel crescente do crime organizado na devastação e do setor mais “radicalizado” do agronegócio, resistente ao diálogo depois do “descontrole intencional” durante o governo Bolsonaro, acrescentou o Observatório.

– Transição concluída –

Com as definições desta quinta-feira, Lula conclui a montagem do alicerce de seu terceiro governo, após 20 dias de intensas negociações entre os diferentes partidos de sua base.

Suas primeiras nomeações foram no plano principal, nas pastas de Fazenda, com o ex-ministro e ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad; Relações Exteriores, com Mauro Vieira, que já havia ocupado esse cargo no governo Dilma; Justiça e Segurança Pública, com o jurista e ex-governador do Maranhão, Flávio Dino, e Defesa, com José Múcio Monteiro.

Hoje, Lula também indicou outras mulheres para os ministérios de Turismo e Esportes.

Anteriormente, já havia anunciado Nisia Trindade como a primeira mulher no comando do Ministério da Saúde; Cida Gonçalves, como ministra da Mulher; Anielle Franco, irmã da vereadora assassinada Marielle Franco, para a pasta de Igualdade Racial, e a cantora Margareth Menezes na Cultura.

Além disso, os bancos públicos – Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil – serão chefiados por mulheres, conforme adiantou Lula.