O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) relacionou nesta quinta-feira, 4, uma obra do governo federal que levará águas do Rio São Francisco para a região agreste de Pernambuco a um “milagre de fé”. Em um discurso com forte aceno aos evangélicos, Lula citou a palavra milagre 16 vezes, mencionou fé em cinco momentos e repetiu Deus em 11 oportunidades.

Pesquisas recentes de institutos de opinião, que mostram a popularidade do presidente em queda, indicam que a pior avaliação de Lula é entre os evangélicos. Nesta semana, o governo lançou uma campanha para tentar reverter esse cenário, com o slogan “Fé no Brasil”.

Acompanhado da governadora de Pernambuco, Raquel Lyra (PSDB), o presidente inaugurou a Estação Elevatória de Água Bruta de Ipojuca, em Arcoverde, na região metropolitana do Recife – obra relacionada ao programa de transposição do São Francisco.

Em um momento do discurso, Lula relembrou a sua infância em Caetés, no agreste pernambucano, e disse que voltar ao Estado para inaugurar uma obra da transposição era um “milagre” por causa da “fé e da crença” dos brasileiros.

“O primeiro milagre que a gente está vivendo hoje é porque ninguém acreditava que seria possível fazer a transposição (do Rio São Francisco) que estamos fazendo hoje aqui. Esse é um milagre com um cara que viveu a seca. Eu saí daqui para não morrer de sede e volto agora para fazer a transposição. Isso só pode acontecer por causa da fé de vocês, da crença de vocês”, afirmou Lula.

Lula também disse que a eleição dele para Presidência foi outro “milagre”. Segundo o petista, o voto dos eleitores no pleito de 2022, quando venceu o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), foi um “ato de fé e de coragem”.

“Se vocês não acreditassem, não tivessem fé, jamais vocês teriam votado para presidente da República num pernambucano que não tem diploma universitário, que só tem diploma primário e um curso do Senai. Vocês votarem em mim foi um ato de fé, de coragem, de acreditar que um milagre estava para acontecer neste País”, afirmou Lula.

O presidente também sugeriu que Deus teria o escolhido para solucionar o problema da escassez de água na região Nordeste. “Tudo que é feito para o pobre eles falam que é gasto, quando é feito para o rico, eles falam que é investimento. O homem lá de cima falou que ia ajudar os nordestinos através de um nordestino.”

Governo aposta em nova campanha para reduzir rejeição

Nos últimos dois meses, as principais pesquisas do País apontaram que os evangélicos formam o grupo que mais rejeita o mandato de Lula. Segundo a Quaest, a desaprovação do governo entre os adeptos da religião é de 62%. O Datafolha apontou a rejeição de Lula pelo grupo em 43%. O AtlasIntel, por sua vez, mostrou que 57% dos entrevistados evangélicos desaprovam a gestão.

Desde a divulgação das pesquisas, o governo federal busca se aproximar dos evangélicos que representam cerca de 30% do eleitorado brasileiro. Entre as medidas, está a nova campanha publicitária da Secretaria de Comunicação Social (Secom). A ideia do governo é que a campanha seja exibida simultaneamente às visitas do presidente e dos seus ministros nos Estados. A maior presença do primeiro escalão em eventos pelo País é outra estratégia para combater a baixa popularidade da gestão.