 "Marcelo Camargo/Agência Brasil")
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou, nesta sexta-feira, 25, políticos bolsonaristas por apoiarem a imposição de tarifas dos Estados Unidos contra o Brasil, chamando-os de “sem-vergonha” por agirem em conluio com interesses estrangeiros.
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“Estão agora agarrados na bota do Trump pedindo intervenção no Brasil”, disse o petista em um evento em Osasco, São Paulo, para o anúncio do Novo PAC Seleções 2025 Periferia Viva – Urbanização de Favelas.
Lula ressaltou que o Brasil tem o costume de evitar conflitos e que sempre se mostrou disponível para negociação, tendo feito mais de 10 reuniões com representantes dos Estados Unidos. “Por isso, estranhei a carta postada nas redes sociais dele [Trump]. “Ninguém pode dizer que não estamos negociando, pois estou colocando o meu companheiro Alckmin para isso”, disse.
“Só tenho mais uma coisa a dizer: Quem manda neste País são os brasileiros”, completou o chefe do Executivo.
Antes do petista, falou o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) foi na mesma linha e alfinetou as pessoas que, segundo ele, atuam contra os brasileiros e a economia nacional. Alckmin não foi o único, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, (PT), disse: “Lula, queremos que você defenda o Brasil dos falsos patriotas”.
A pauta da soberania nacional tem ganhado espaço nos discursos federais e Lula parece usar a oportunidade para aumentar a popularidade de sua gestão. A postura do Planalto frente às tarifas agradou boa parte dos brasileiros – mesmo aqueles afastados do espectro político petista – e uniu diferentes bases ao redor da defesa da autonomia econômica do Brasil.
O anúncio de Trump, ocorrido em 9 de julho, se deu em defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que é réu no Supremo Tribunal Federal (STF) por uma suposta tentativa de golpe de Estado. O filho do ex-líder, Eduardo Bolsonaro (PL-SP), chegou a se licenciar do cargo de deputado federal para permanecer nos EUA e tentar convencer o governo norte-americano a promover retaliações contra autoridades brasileiras, alegando que o pai sofre perseguição política.
Em uma provocação à aliança entre Bolsonaro e Trump, Lula comparou os atos de 8 de janeiro de 2023 com a invasão do Capitólio americano em 2021.
“Se o Trump morasse aqui no Brasil e fizesse o mesmo que fez no Capitólio, também estaria sendo julgado”, afirmou no evento.
O presidente também voltou a citar a tornozeleira eletrônica de Bolsonaro, em referência à operação da Polícia Federal, que executou mandados de busca e apreensão na casa do ex-chefe e aplicou medidas restritivas, incluindo uso de tornozeleira, recolhimento domiciliar noturno, proibição de acesso às redes sociais e comunicação com embaixadores e outros investigados pelo STF.
“Quando me sugeriram colocar a tornozeleira eletrônica, eu recusei, porque não troco a minha dignidade pela minha liberdade”, declarou Lula, lembrando da ocasião em que foi investigado pelo Judiciário, em 2016.
Periferia Viva
O governo federal pretende destinar R$ 4,67 bilhões para o Novo PAC Periferia Viva, que tem como objetivo promover ações em 49 territórios periféricos em 12 estados brasileiros.
Do montante total, R$ 2 bilhões serão destinados para 13 comunidades paulistas. No município de Osasco, o governo federal deseja investir R$ 200 milhões para a favela 13, localizada no bairro Jaguaribe, e para a comunidade do Limite, no bairro Santa Maria.
Além disso, o presidente e Geraldo Alckmin assinaram um contrato que visa a urbanização do Jardim Rochdale, uma comunidade local frequentemente afetada por enchentes.