ROMA, 6 NOV (ANSA) – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva cobrou que os países tomem medidas concretas contra a crise climática no planeta, sob o risco de a sociedade perder a confiança no multilateralismo e na política internacional, e voltou a exigir que as nações desenvolvidas financiem ações no Sul Global.
As declarações estão em um artigo publicado pelo petista em dezenas de jornais do mundo todo, incluindo o italiano Corriere della Sera, nesta quinta-feira (6), dia dA abertura da Cúpula do Clima em Belém, encontro de dois dias que terá a presença de chefes de Estado e de governo antes da COP30, que começa em 10 de novembro.
“Convoquei os líderes de todo o mundo para essa reunião, dias antes da abertura da COP, para que todos assumam o compromisso multilateral de agir com a urgência que a crise climática exige”, escreve Lula no artigo.
“Se não atuarmos de maneira efetiva, para além dos discursos, nossas sociedades perderão a crença nas COPs, no multilateralismo e na política internacional de maneira mais ampla. É por isso que convoquei os líderes globais para a Amazônia e conto com o empenho de todos eles para que essa seja a COP da verdade, o momento em que provaremos a seriedade de nosso compromisso com todo o planeta”, acrescenta.
No texto, o presidente mantém o tom de pronunciamentos anteriores, ressalta que a cúpula de Belém é uma oportunidade para que a comunidade internacional “conheça a realidade da Amazônia” e lembra que são necessários “recursos” para combater a crise climática, com base na lógica de “responsabilidades comuns, porém diferenciadas”.
“Por essa razão, o Sul Global exige maior acesso a recursos. Não por uma questão de caridade, mas de justiça. Os países ricos foram os maiores beneficiados pela economia baseada em carbono. Precisam, portanto, estar à altura de suas responsabilidades. Não apenas assumir compromissos, mas honrar suas dívidas”, salienta.
Lula também usa o artigo para promover o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), iniciativa lançada pelo Brasil para remunerar tanto os países que preservarem suas florestas quanto aqueles que investirem no instrumento. “Uma lógica de ganha-ganha no enfrentamento à mudança do clima. Liderando pelo exemplo, o Brasil anunciou investimento de US$ 1 bilhão no TFFF, e esperamos anúncios igualmente ambiciosos de outros países”, diz.
Além disso, o presidente defende o direcionamento de recursos obtidos com a exploração de petróleo “para financiar a transição energética justa e equitativa” e que a luta contra as desigualdades esteja no centro da ação climática.
“A cada Conferência do Clima, ouvimos muitas promessas, mas poucos compromissos efetivos. A época das cartas de boas intenções se esgotou: é chegada a hora dos planos de ação. Por isso, começamos hoje a ‘COP da verdade'”, conclui. (ANSA).