Lula admite corrupção na Petrobras e promete estabilidade na economia caso vença eleição

Lula da Silva, candidato de esquerda para as próximas eleições no Brasil, durante entrevista coletiva com correspondentes estrangeiros em São Paulo, em 22 de agosto de 2022. - AFP
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O ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva tentou limpar o estigma de corrupção que cerca o Partido dos Trabalhadores (PT) ao admitir casos na Petrobras durante seus mandatos e prometeu investigar todo desvio se vencer a eleição de outubro, em entrevista ao Jornal Nacional, nesta quinta-feira (25).

“Você não pode dizer que não houve corrupção se as pessoas confessaram” os crimes, afirmou Lula ao Jornal Nacional, que na segunda-feira entrevistou o presidente Jair Bolsonaro no âmbito do início da campanha eleitoral.

Embora já esperasse perguntas sobre corrupção, Lula, favorito nas pesquisas para ganhar a eleição presidencial em outubro, começou a entrevista visivelmente agitado, lendo anotações para apoiar sua resposta sobre corrupção.

“Estou tendo a primeira oportunidade de poder falar disso abertamente ao vivo com o povo brasileiro. A corrupção só aparece quando você permite que ela seja investigada”, declarou o ex-presidente petista.

Lula criticou duramente a operação Lava Jato, iniciada em 2016 para investigar os desvios em contratos da Petrobras, por, em suas palavras, “ultrapassar o limite da investigação e entrar no limite da política” com o propósito de condená-lo.

O ex-presidente ficou preso de abril de 2018 a novembro de 2019, após ser condenado por corrupção. Recuperou seus direitos políticos em 2021, quando o Supremo Tribunal Federal (STF) anulou suas condenações por considerar que a Justiça Federal do Paraná era incompetente para julgar as ações.

Aos 76 anos, Lula lidera a disputa presidencial com 47% das intenções de voto, contra 32% para Bolsonaro, de 67 anos, segundo uma pesquisa do Instituto Datafolha publicada na última quinta-feira.

Durante a entrevista, Lula criticou duramente Bolsonaro, que chamou de “bobo da corte” pela dependência que o presidente tem do Centrão no Congresso.

O petista elogiou o companheiro de chapa, o ex-governador tucano de São Paulo Geraldo Alckmin, seu adversário nas eleições presidenciais de 2006.

A chapa com Alckmin permitirá “uma maior estabilidade na economia” e uma “credibilidade interna e externa”, segundo Lula, que não especificou as medidas que colocará em prática caso for eleito.

Lula também afirmou que a polarização é “saudável” e “diferente do estímulo ao ódio”, ao mesmo tempo em que reafirmou o desejo de “pacificar” o país após o primeiro mandato de Bolsonaro, marcado pelas fortes tensões entre seus apoiadores e opositores.

Lula citou a criação de vários mecanismos de acesso à informação e órgãos de investigação durante seu governo como mostras de seu suposto compromisso contra a corrupção.

A equipe de fact-checking da AFP constatou que um dos órgãos citado, o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF), foi criado pelo governo do presidente Fernando Henrique Cardoso.