MOSCOU, 18 AGO (ANSA) – O presidente de Belarus, Aleksandr Lukashenko, informou nesta terça-feira (18) que enviou uma unidade de combate do Exército do país para as fronteiras ocidentais e que “os colocou em operação plena” para “cumprir o seu dever”.
A informação vem um dia após o mandatário acusar a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) de posicionar unidades nas fronteiras do país – fato que foi negado veementemente pelo órgão. Além disso, o “último ditador da Europa” justificou a medida por conta das declarações de governos internacionais, que questionam a transparência do processo eleitoral do dia 9 de agosto.
“Assim, estas declarações [de líderes internacionais] testemunham que quando nós discutimos tal questão no Ministério da Defesa, o presidente [falando de si mesmo] estava certo. E graças a Deus, nós reagimos a isso e desdobramos unidades de combate do nosso Exército nos limites ocidentais de nossa fronteira e as colocamos em prontidão total de combate. O ministro da Defesa me reportou que tudo foi feito e que as unidades estão prontas para o cumprimento de seu dever”, afirmousegundo publicou a agência estatal Belta.
Lukashenko ainda acusou o Conselho de Coordenação da Oposição de estar “tentando dar um golpe de Estado, com todas as consequências do caso” e que continuará a tomar “todas as medidas necessárias” para combater os “objetivos dos opositores”.
O presidente disse que grupo de querer tirar Belarus da “União com a Rússia, do Tratado de Segurança Coletiva e fechar duas bases russas. Querem vetar a língua russa e introduzir taxas e impostos com a Rússia”, acusou segundo a agência Interfax.
Assim que Lukashenko falou com a mídia russa, uma das líderes do Conselho, Maria Kolesnikova, informou para a mesma agência de notícias que o mandatário está “tentando fazer uma manipulação e enganar” a população.
“Da nossa parte, continuamos a confirmar o nosso desejo e a nossa disponibilidade a estabelecer relações recíprocas vantajosas com todos os parceiros, e isso inclui, com certeza, a Federação Russa”, disse ainda Kolesnikova.
– Nova ligação para Putin: Segundo a mídia estatal de Belarus, Lukashenko telefonou novamente para o presidente russo, Vladimir Putin, nesta terça-feira para ser atualizado sobre as conversas do chefe do Kremlin com a chanceler alemã, Angela Merkel, e o presidente francês, Emmanuel Macron.
Os dois líderes europeus estão entre os maiores críticos das eleições que levaram Lukashenko ao seu sexto mandato consecutivo e sobre a violência do Estado contra os manifestantes – foram quase sete mil prisões em uma semana.
Em nota oficial, Putin ressaltou que cobrou Macron pelas “inaceitáveis pressões” sobre o governo de Belarus.
A crise política no país explodiu no dia 9 de agosto assim que os resultados de boca de urna do pleito foram anunciados.
Lukashenko foi eleito com mais de 80% dos votos, mas a oposição acusa fraudes em um processo eleitoral que não foi justo – fala compartilhada com os europeus.
Diariamente, milhares de pessoas vão as ruas para protestar contra o mandatário, que está no poder desde 1994. Nesta segunda-feira (17), pela primeira vez, o político chegou a falar na possibilidade de convocar novas eleições desde que seja aprovada uma reforma constitucional. (ANSA).