Morreu na manhã deste sábado, 30, em Porto Alegre (RS), o escritor Luis Fernando Veríssimo, aos 88 anos. Ele estava internado há três semanas no Hospital Moinhos de Vento, com quadro de pneumonia.
+ Escritor Luis Fernando Veríssimo morre aos 88 anos
Veríssimo sofria de Parkinson e problemas cardíacos. Em 2016, implaotou um marcapasso e, em 2021, sofreu um Acidente Vascular Cerebral (AVC), o que resultou em dificuldades motoras e de comunicação.
Antes disso, em 2020, Verissimo passou por uma cirurgia para tratar um câncer ósseo na mandíbula.
O escritor deixa a mulher, Lúcia Helena Massa, com quem casou em 1963, e três filhos e dois netos. Não foram divulgadas informações oficiais sobre velório e sepultamento.
Relembre algumas das principais obras do escritor
O Popular: Crônicas ou Coisa Parecida (1973)
Publicado em 1973, O Popular marca a estreia de Luis Fernando Verissimo com crônicas e cartuns. Na crônica homônima, o autor analisa o “popular”, personagem urbano citado em notícias como “populares socorreram vítimas” ou “um popular viu o incêndio”. Verissimo o descreve como uma figura sem raízes fixas, habitando as bordas dos eventos, típica das grandes cidades.
A Grande Mulher Nua (1975)
O livro reúne 56 crônicas repletas de humor inteligente, capturando o cotidiano com leveza e ironia. Cada crônica é acompanhada por cartuns ou charges, desenhados a bico de pena, com traços diretos e expressivos.
Ed Mort e Outras Histórias (1979)
Uma coletânea de contos que apresenta Ed Mort, um detetive particular brasileiro atrapalhado, sem dinheiro, mas de coração generoso. O personagem satiriza os clichês dos detetives norte-americanos com humor e ironia.
O Analista de Bagé (1981)
“O Analista de Bagé” é um livro com 27 crônicas sobre um psicanalista gaúcho que mistura Freud com a cultura e o jeito de falar do sul do Brasil. Ele trata seus pacientes de forma divertida e inusitada, usando métodos como o “joelhaço” e o chimarrão para resolver problemas psicológicos.
Comédias da Vida Privada (1994)
O Clube dos Anjos (1998)
Uma sátira sobre a gula que conta a história de amigos que se reúnem para comer, tratando a comida como um ritual. Após anos de jantares sofisticados e a morte do líder, um cozinheiro misterioso revive o grupo. O livro explora como o prazer intenso da comida leva os membros a morrerem, um a um, após cada refeição, sem temer a morte.
As Mentiras que os Homens Contam (2000)
Outra coletânea de crônicas humorísticas, que explora as mentiras que os homens contam no dia a dia, seja para proteger as mulheres, proteger a si mesmos, ou manter a harmonia social.
Sexo na Cabeça (2004)
Os Espiões (2009)
Narra as aventuras de um editor frustrado e seus amigos de bar que, após receberem o manuscrito de uma enigmática e sedutora “Ariadne” anunciando seu suicídio, iniciam a “Operação Teseu” para localizá-la e salvá-la.
Quem foi Luis Fernando Verissimo
Verissimo foi escritor, cartunista, tradutor, roteirista de televisão, autor de teatro, romancista e saxofonista. Ele era filho do também escritor Erico Verissimo e de Mafalda Verissimo.
Ele viveu parte da sua infância nos Estados Unidos porque o Erico – um dos maiores nomes da literatura nacional, autor de obras como ‘O Tempo e o Vento’ – lecionava nas universidades de Berkeley e de Oakland.
Ele começou sua carreira no jornal Zero Hora, de Porto Alegre, como revisor, e posteriormente trabalhou como tradutor e redator publicitário no Rio de Janeiro.
Seu primeiro livro foi ‘O Popular’, publicado em meados de 1973, uma coletânea de seus principais trabalhos.
Ele teve mais de 60 livros publicados e 5,6 milhões de cópias vendidas, contemplando desde crônicas a quadrinhos – com edições célebres como Analista de Bagé e da Velhinha de Taubaté, cuja primeira satiriza a psicanálise e os costumes gaúchos através do personagem de um analista freudiano ‘à moda do pampa’.
Ele publicou ‘Grande Mulher Nua’ em 1975 e, quatro anos depois, lançou Ed Mort e Outras Histórias, uma edição que era um compilado de crônicas.
Como cartunista, ganhou notoriedade com as charges da Família Brasil e as tiras As Cobras.
Verissimo também foi colunista dos jornais’O Estado de S.Paulo’, ‘O Globo’ e ‘Zero Hora’.