O jogador de futebol Luighi falou sobre o caso de racismo que sofreu durante a partida contra o Cerro Porteño, pela Libertadores Sub-20, esta semana, no Paraguai. Ao Fantástico, da TV Globo, o atleta falou que não conseguiria ficar calado ao notar o crime do qual estava sendo vítima.
“E eu não me aguentei. Eu fiquei com muita raiva. Fui nos policiais que estavam do lado. Falei: ‘vocês vão deixar ele falar isso daí para mim? Vocês não vão fazer nada?’ E eles só olharam para mim, de mão cruzada e não fizeram nada. O árbitro só pedia para eu sair do campo. Parecia que não ligava para o que aconteceu”, disse.
O Palmeiras derrotou o time por três a zero. Nos minutos finais, um torcedor, que ainda não foi identificado e que estava com uma criança no colo, imitou um macaco para o camisa 10, Figueiredo, no momento em que ele estava sendo substituído e deixava o campo.
Depois, Luighi também foi alvo de ofensas racistas: torcedores do time rival xingaram e cuspiram no jogador quando ele estava deixando o gramado para ser substituído. Um deles era o mesmo torcedor que tinha ofendido Figueiredo. Ele fez o mesmo gesto racista para Luighi.
“De onde eu venho, eu sempre sofri um tipo de racismo e me incomodava muito. E um dia eu coloquei na minha mente que como eu jogo futebol, só o futebol poderia mudar isso”, afirmou o jogador.
Depois do jogo, ele deu uma entrevista ao repórter da Conmebol, entidade organizadora do campeonato, que estava ignorando os ataques racistas. Então, o jogador fez questão de falar sobre o assunto.
“É sério isso? Você não vai perguntar sobre o ato de racismo que fizeram comigo. É sério? Até quando a gente vai passar por isso? Até quando? Me fala, até quanto a gente vai passar isso? O que fizeram comigo foi um crime, pô. Você ainda vai perguntar isso? Você vai perguntar sobre o jogo mesmo? A Conmebol vai fazer o que sobre isso? A CBF, sei lá… Você não vai perguntar sobre isso? Não ia, né? Você não ia perguntar sobre isso. O que fizeram foi um crime comigo, pô. A gente é formação. Aqui é formação. A gente está aprendendo aqui”, afirmou.
Depois da fala do jovem, vários times e celebridades manifestaram apoio ao jogador. Ednaldo Rodrigues, presidente da Confederação Brasileira de Futebol, e Leila Pereira, presidente do Palmeiras, enviaram à Conmebol um pedido de punição aos torcedores. Eles também solicitaram a exclusão do Cerro Porteño da competição.
Sobre o caso, o time enviou uma carta “se desculpando pelo infeliz comportamento reprovável e triste de certas pessoas que estavam nas arquibancadas” e afirmando que “quando os agressores forem identificados”, o clube vai “solicitar que nunca mais entrem no estádio do Cerro Porteño ou em qualquer outro estádio no Paraguai.”
A Conmebol publicou em seu site que “o clube será multado em 50 mil dólares” e terá que “promover em suas redes sociais uma campanha contra o racismo”. Além disso, ela decidiu proibir o acesso do público nos estádios onde houver jogos do time pela Libertadores Sub-20 deste ano.