Quando um artista compõe uma música e a apresenta ao mundo, é também uma forma de mostrar às pessoas como ele pensa, sente e enxerga tudo o que está ao seu redor, em especial, o amor.
Depois do álbum “Perigosíssima”, de 2022, Lucy Alves, 38 anos, fecha o ano de 2024 com “Gato do Mato”, um disco inédito que apresenta dez canções, majoritariamente autorais.
O novo trabalho chegou às plataformas digitais em 6 de dezembro e também será apresentado ao público em uma nova turnê que rodará o país a partir de janeiro de 2025.
Em entrevista exclusiva ao site IstoÉ Gente, a cantora, atriz e musicista fez um balanço sobre a sua trajetória profissional até aqui e comemorou o aumento da representatividade entre sanfoneiras desde que ajudou a levar o instrumento para a TV.
“Eu me enxergo muito em uma construção. Eu sou muito grata, tenho muito orgulho do meu caminho, que é um caminho muito bonito, de sair da Paraíba, de me enxergar essa musicista, e depois, realmente, uma artista mais plural, entendendo minha representatividade”, iniciou.
“Conversando com alguns amigos da Paraíba, eles falaram que quando eu apareci não tinha essa representatividade das instrumentistas aqui, das sanfoneiras especialmente. Hoje, eu vejo cursos com sanfoneiros e sanfoneiras em um número muito igual. Isso é muito legal”, destacou ela, que pretende continuar se arriscando em diversos desafios.
“Tenho muita vontade de fazer muita coisa ainda: cinema, produzir, fazer mais álbuns. Estou em uma pilha de fazer muita música. Eu acho que é um lugar que eu me encontro bastante”, completou Lucy.
Ao ser questionada sobre o ônus da sua trajetória, a cantora mencionou a distância da sua terra natal.
“Eu sou uma pessoa muito caseira, muito família. Sair de perto da minha cidade, que é a cidade que eu tenho uma relação muito boa desde que eu era nova. Isso foi muito custoso para mim, ficar longe deles. Mas também vim nessa busca do meu caminho e sempre que posso estou lá, porque realmente é um lugar que eu sei que é o meu lugar no mundo”, reconheceu.
“Me afastar do meu clã foi a parte mais dolorida mesmo. E ter que começar uma nova jornada aqui, porque eu vim sozinha mesmo para o Rio de Janeiro, sem conhecer ninguém. Comecei do zero mesmo”, recordou.
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Discreta em relação à exposição de sua vida pessoal, Lucy apostou que as redes sociais aproximam o artista do fã, porém, nem sempre isso é positivo.
“Quando a gente fica famoso, as pessoas também se acham muito no direito de invadir a nossa vida. Elas têm que saber, a gente têm que dar satisfação do que faz, do que a gente deixa de fazer. E elas esquecem que a gente é igual a elas. Precisamos da nossa privacidade. E eu venho entendendo que é muito importante preservar isso cada vez mais. É o meu tesouro”, disse.
“Eu já tentei até me expor mais. Eu acho que a gente vai entendendo como se colocar nas redes. Porque, sim, eu tenho um público, eu tenho pessoas que amam o meu trabalho. Onde eu passo, as pessoas são muito carinhosas comigo. E elas querem acompanhar, elas querem saber o que eu estou pensando, o que eu quero fazer. Mas eu vou até certo ponto do que eu posso dar para elas”, ponderou.
“Gato do Mato”
A música “Gato do Mato”, de seu novo álbum, dita um pouco do momento artístico de Lucy. “Caliente, sexy, sexo, latinidade, desejo e dança. Acho que tudo isso se conecta com essa composição, que tem ainda o sentimento de um instinto que se aguça cada vez mais. Dona de si, a persona desta música, se fosse um bicho, seria um gato, com o qual eu tenho tanta identificação”, definiu a artista.
Compor é um desejo que vinha cada vez mais latente em Lucy. “Chega uma hora em que a gente passa a entender e a decodificar melhor como queremos que a nossa arte seja traduzida. E uma composição é um dos caminhos mais certeiros para comunicar isso”, explicou a cantora.
“Gato do Mato” é dançante, envolvente e nasce a partir de influências nordestinas que acompanham essa musicista desde que o seu encontro com a música aconteceu ainda fora dos palcos. Ele traz baião, reggaeton, maracatu, reggae e, claro, forró, entre tantas outras levadas.
Já a faixa “Tempo” é o reflexo da correria dos dias atuais. Como Lucy definiu, um galope alucinante para se dançar no embalo do tempo. Outra faixa do disco é “Fama”, um convite para as pessoas mergulharem um pouco nesse contraditório mundo famigerado, um ambiente sedutor, que muitas vezes pode ser incrível, confuso, solitário.