Luciano Huck sobre megaoperação no Rio de Janeiro: ‘120 mães enterraram seus filhos’

Apresentador lamenta 120 mortes em ação no Alemão e diz que combate ao crime precisa ir além do confronto armado

Luciano Huck sobre megaoperação no Rio de Janeiro
Luciano Huck sobre megaoperação no Rio de Janeiro Foto: Reprodução/TV Globo

Durante o ‘Domingão’ da Globo, na noite de domingo, 2, Luciano Huck dedicou um momento do programa para comentar a megaoperação policial realizada no Rio de Janeiro na última terça-feira, episódio que ganhou destaque no Brasil e no exterior.

O apresentador iniciou o discurso ressaltando ser natural de São Paulo, mas ter escolhido o Rio para viver e criar sua família há mais de duas décadas — motivo pelo qual se sente no direito e na obrigação de se manifestar sobre o tema.

Huck lamentou que o modelo de segurança pública adotado no país siga se repetindo sem resultados concretos. Ele relembrou que já interrompeu diversas vezes suas atrações na TV para tratar desse assunto e citou o número de mortos na operação no Complexo do Alemão e da Penha: 120 vidas perdidas, 120 mães enlutadas. Segundo ele, mesmo quando esses jovens estavam envolvidos com o tráfico, isso jamais correspondeu ao futuro desejado por suas famílias.

Para o apresentador, o combate ao crime organizado deve ser firme e articulado entre as esferas municipal, estadual e federal, incluindo o enfraquecimento financeiro de milícias e facções. Contudo, ele ressalta que ações policiais não bastam: é fundamental oferecer oportunidades reais à população que nasce em áreas dominadas pela violência, construir novas perspectivas e referências, garantindo que o crime não seja a única rota vislumbrada.

Huck destacou que milhões de cariocas vivem sob domínio de grupos criminosos e também sofrem com a violência diariamente. “A maioria dessas pessoas não compactua com o que acontece e está refém do medo”, afirmou. Ele apontou ainda que os grandes responsáveis pelo armamento pesado presente nessas regiões não moram nelas e que os armamentos e tecnologias bélicas chegam ali por meio de interesses muito maiores.

O comunicador contou também que, durante um jantar com os filhos, ouviu deles que o problema seria impossível de resolver. Huck afirmou ter discordado e citou exemplos internacionais de cidades que conseguiram reverter cenários extremos: Medellín, na Colômbia, que deixou de ostentar o título de mais violenta do mundo nos anos 1990; e Nova York, que viveu situação semelhante na década de 1980 e hoje figura entre as metrópoles mais seguras e visitadas do planeta.

Ele aproveitou o momento para prestar solidariedade às famílias dos quatro policiais mortos durante a operação. Reiterou seu apoio à “boa polícia” — formada por profissionais preparados, valorizados e respeitados — e lembrou que esses agentes saíram de casa para trabalhar e não retornaram, o que também representa uma dimensão devastadora da violência.

Huck finalizou expressando esperança de que o país avance a ponto de não precisar mais tratar do tema nessas circunstâncias: “Nós, brasileiros, queremos paz e segurança”.