O empresário Luciano Hang foi condenado a prisão, na terça-feira, 23, pela 1ª Câmara Especial Criminal do TJRS (Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul) por chamar o arquiteto Humberto Tadeu Hickel de “esquerdopata” e sugerir que ele deveria se mudar para Cuba.

Por conta disso, Hang foi considerado culpado por difamação e injúria. O empresário fez essas afirmações em um vídeo publicado nas redes sociais após o arquiteto liderar uma campanha contra a instalação de uma estátua da liberdade próxima a uma nova filial da Havan, rede de lojas de Luciano Hang, em Canela, na serra gaúcha.

O TJRS determinou que o empresário cumpra a pena de um ano e quatro meses em regime aberto, além de quatro meses de detenção, que devem ser convertidos em duas penas restritivas de direitos, que incluem serviços à comunidade, pagamento de uma multa pecuniária no valor de 35 salários mínimos. Além disso, ele deve receber uma penalidade financeira de 20 dias-multa, cada um correspondente a 10 salários mínimos.

A sentença foi proferida durante uma sessão presidida pelo desembargador Luciano Andre Losekann, e teve como relator o desembargador Marcelo Machado Bertoluci.

Por meio de nota enviada ao site IstoÉ, a assessoria da Havan afirmou que pretende recorrer da decisão. “O Brasil é um país extremamente perigoso para um empreendedor. Na busca de gerar empregos e desenvolvimento, pode ser processado criminalmente por pessoas que se utilizam de ideologias ultrapassadas para impedir a construção de empreendimentos. É o que está acontecendo neste caso. Um absurdo. É inaceitável que debates políticos sejam punidos tirando o direito à liberdade de expressão”, completou o empresário.

Confira a íntegra da nota:

“Nesta terça-feira, 23, o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul reverteu a decisão de primeira instância e considerou o empresário Luciano Hang culpado por injúria e difamação contra o arquiteto Humberto Hickel.

O caso teve início quando Humberto Hickel promoveu um abaixo-assinado contra a instalação da Estátua da Liberdade em Canela, alegando que o símbolo era contrário à cultura local.

Luciano Hang, ao descobrir que Hickel era ideologicamente de esquerda, contrário ao empresário e à Havan, fazendo, inclusive, críticas na internet, publicou um vídeo nas redes sociais chamando Hickel de “esquerdopata”.

Insatisfeito com a repercussão, Hickel apresentou uma queixa-crime contra Hang, alegando injúria e difamação.

Num primeiro momento, a juíza de Canela, Simone Ribeiro Chalela, julgou a ação improcedente, seguindo parecer do Ministério Público, que não viu crime nas declarações de Hang, considerando-as uma resposta a críticas e ofensas de Hickel. A juíza destacou ainda que não se pode criminalizar o debate político.

Apesar disso, o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul revisou a decisão e, por maioria, condenou Hang, com apenas um voto a favor do empresário.

Contrariando o Ministério Público, o qual proferiu novo parecer afirmando que não se poderia criminalizar um debate político ocorrido sem ofensas, a desembargadora Viviane de Faria Miranda, acompanhada pelo desembargador Luciano Losekann, argumentou que o vídeo de Luciano teria colocado a população local contra o arquiteto.

Durante o julgamento a magistrada chegou a dizer que como existe em Canela uma maioria favorável ao ex-presidente Bolsonaro, a publicação de Luciano seria suficiente para levar o arquiteto a sofrer danos no seu trabalho.

Luciano Hang informou que vai recorrer da decisão. ‘O Brasil é um país extremamente perigoso para um empreendedor. Na busca de gerar empregos e desenvolvimento, pode ser processado criminalmente por pessoas que se utilizam de ideologias ultrapassadas para impedir a construção de empreendimentos. É o que está acontecendo neste caso. Um absurdo. É inaceitável que debates políticos sejam punidos tirando o direito à liberdade de expressão’, pontua.”