Dois dias antes de morrer, a atriz, diretora e roteirista Fernanda Young postou uma foto em seu Instagram sobre longevidade: “Sou uma mulher de 50 anos que sonhou alto e realizou muito. E estou longe de encerrar a minha jornada nessa orbe”, escreveu, na sexta-feira. Young morreu neste domingo, aos 59 anos, em seu sítio, em Minas Gerais.
Na postagem, ela também rebateu as críticas que recebia sobre sua carreira artística. “Deito e levanto cansada porque nunca peguei um centavo de ninguém e tudo o que tenho é fruto de trabalho. Não herdei, não ganhei, nem sou sustentada. Tenho quatro filhos que estão aprendendo a serem éticos e livres”, escreveu.
A atriz era uma grande crítica do presidente Jair Bolsonaro (PSL). Durante a última semana, ela fez diversas postagens contra a postura do presidente sobre as queimadas na Amazônia. No post de sexta, ela fez uma reflexão sobre a política nacional. 
“A nossa cultura material e imaterial, a nossa língua, a nossa fauna, flora, sendo esganiçada, sacaneada, por ogros maléficos. Estamos virando uma gente porcaria, afinal ‘piorar é mais fácil’! E fica tão claro o oportunismo das ratazanas sorrateiras, que veem na ‘loucura do criador’, achando-nos dispersos, irresponsáveis, ricos, nesgas para sermos passados para trás. Comigo, não! Não! Sei reconhecer um lápis meu em meio a um milhão! Não estive ‘calada nos últimos 14 anos’, não aceito desaforo! Sou uma mulher de 50 anos que sonhou alto e realizou muito. E estou longe de encerrar a minha jornada nessa orbe! Aos que se interessam: bom proveito. Para os outros: estou pouco me lixando”, postou.
 
 
 
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As pessoas me acham maluca, mas estou observando tudo – de dentro e de fora. Pensam que não percebo as suas falcatruas, mas ser gentil não significa ser otaria! Trabalho feito uma vaca, pago essas merdas desses impostos, não vejo uso para eles, escuto que mamo em tetas do governo; divirto as pessoas, ofereço poesia, e lido com ignorâncias proferidas por um bando de escroto que mete Deus nos seus discursos hipócritas. Deito e levanto cansada porque nunca peguei um centavo de ninguém e tudo o que tenho é fruto de TRABALHO. Não herdei, não ganhei, nem sou sustentada! Tenho 4 filhos que estão aprendendo a serem éticos e livres. E o que ouço? É louca! O que vejo? A nossa cultura material e imaterial, a nossa língua, a nossa fauna, flora, sendo esganiçada, sacaneada, por ogros maléficos. Estamos virando uma gente porcaria, afinal “piorar é mais fácil”! E fica tão claro o oportunismo das ratazanas sorrateiras, que veem na “loucura do criador”, achando-nos dispersos, irresponsáveis, ricos, nesgas para sermos passados para trás! Comigo, não! Não! Sei reconhecer um lápis meu em meio a um milhão! Não estive “calada nos últimos 14 anos”, não aceito desaforo! Sou uma mulher de 50 anos que sonhou alto e realizou muito. E estou longe de encerrar a minha jornada nessa orbe! Aos que se interessam: bom proveito. Para os outros: estou pouco me lixando! (Texto escrito no ônibus. Ganho para escrever. Aqui ofereço de graça e com erros. “Flagra” de @e.mym que postou a foto com uma legenda muito mais sábia.)

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Fernanda estava em cartaz com a peça “Ainda Nada de Novo”, em São Paulo. A artista deixa um legado de 14 livros escritos, mais de 10 trabalhos na televisão como atriz e apresentadora, sem falar nos filmes e séries de sucesso que roteirizou, como “Os Normais” e “Minha Nada Mole Vida”.
Seu último trabalho na TV foi na séria “Shippados”, lançada no Globoplay neste ano. Em 2009, Fernanda ousou em posar para a capa da Playboy, aos 39 anos.


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