A cidade de Londres, o poderoso coração financeiro da capital britânica, anunciou nesta sexta-feira (22) a retirada de duas estátuas de políticos britânicos que foram enriquecidos pela escravidão de sua sede histórica no centro da cidade.

“O tráfico de escravos é uma mancha em nossa história e colocar aqueles que se beneficiaram dele em um pedestal não está a altura de uma cidade moderna e multiétnica”, afirmou Caroline Addy, que co-lidera a força-tarefa do conselho contra o racismo.

Este grupo recomendou a remoção das estátuas, que foi aprovada em votação na quinta-feira.

Londres agora estuda a possibilidade de substituí-las por outras obras de arte e encomendar um novo memorial relacionado à escravidão.

As estátuas removidas são de William Beckford (1709-1770), uma antiga autoridade municipal que construiu sua fortuna em plantações na Jamaica e possuía escravos africanos, e o comerciante, deputado e filantropo John Cass (1661-1718), um oficial real da Royal African Company, envolvida no comércio de escravos.

A decisão veio poucos dias depois do governo britânico anunciar novas regras exigindo uma licença e consulta local antes de remover qualquer estátua ou monumento histórico, uma ação possível apenas “em circunstâncias excepcionais”.

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“Não podemos e não devemos tentar reescrever ou censurar nosso passado”, afirmou Robert Jenrick, ministro de Governo Local. “O que foi erguido por gerações (…) não pode ser removido por capricho”, ressaltou.

O Reino Unido se viu forçado a questionar seu passado colonial e seus símbolos na esteira das manifestações desencadeadas pela morte do americano negro George Floyd, assassinado por um policial branco, que no ano passado culminou no movimento Black Lives Matter.

Em junho, os manifestantes derrubaram uma estátua do traficante de escravos Edward Colston em Bristol, sudoeste da Inglaterra. E na frente de Westminster, um monumento ao ex-primeiro-ministro Winston Churchill havia sido marcado com um grafite que dizia “racista”.


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