O ministro das Finanças do Reino Unidos, Rishi Sunak, anunciou nesta quinta-feira novas medidas para proteger o emprego e a economia do Reino Unido ante o ressurgimento da pandemia de covid-19, que ameaça estrangular a frágil recuperação do país.

Este é “um novo sistema de apoio ao emprego”, anunciou Sunak ao Parlamento, após ter renunciado no dia anterior a apresentar o orçamento para este outono (hemisfério norte), diante da incerteza e constantes mudanças provocadas pelo coronavírus.

“O principal objetivo da nossa política econômica continua o mesmo: apoiar o emprego, mas a forma deve evoluir”, disse, ao anunciar uma mudança de rumo em seu sistema de apoio às empresas estabelecido em março.

Para isso, o governo pagou até o final de agosto 80% dos salários, com o limite de 2.500 libras mensais por pessoa, de todos os funcionários que não foram demitidos apesar da cessação da atividade econômica.

No entanto, o dispositivo está sendo reduzido e deve chegar ao fim em outubro, para desgosto de muitos empresários que alertaram que seriam obrigados a despedir boa parte de sua força de trabalho.

Agora, a nova estratégia de Sunak não visa preservar os empregos dos funcionários que ficam em casa, mas estimulá-los a voltar ao trabalho mesmo em regime parcial devido à queda na atividade.

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Assim, nesta quinta-feira, o ministro anunciou subsídios por seis meses para os salários dos funcionários que trabalhem pelo menos um terço do seu horário normal, no âmbito de um dispositivo que somará 300 milhões de libras por mês e do qual vão se beneficiar todas as PMEs.

Por sua vez, as grandes empresas terão que justificar uma queda no faturamento devido à pandemia para ter acesso a esse mecanismo.

Sunak também levou em conta a difícil situação no setor de hotelaria e restaurantes.

Em agost, já havia surpreendido ao anunciar que o governo pagaria metade de todo o consumo nos restaurantes de segunda a quarta-feira, com limite de 10 libras por pessoa e refeição, para incentivar os ingleses a voltarem a sair.

Agora, ele dá uma mão adicional, estendendo a redução de 5% do IVA até o final de março.

Da mesma forma, o governo estenderá de seis para dez anos o reembolso de créditos de emergência garantidos pelos cofres públicos a mais de um milhão de PMEs e permitirá que o pagamento do IVA seja escalonado em 11 meses, ao invés de fazer tudo de uma vez em março.

– “Melhor tarde do que nunca” –

As medidas de estímulo de Sunak após o confinamento permitiram que a economia britânica, atingida pela pior recessão de sua história devido à pandemia, começasse a se recuperar recentemente.

No entanto, o rápido aumento de casos da covid-19 levou o governo de Boris Johnson a impor novas restrições na terça-feira.

Depois de pedir que os trabalhadores retornassem aos escritórios para impulsionar as economias dos centros urbanos, o primeiro-ministro conservador teve que mudar de estratégia e pediu aos britânicos que voltassem a trabalhar de casa.

Da mesma forma, todos os bares e restaurantes na Inglaterra deverão fechar às 22h a partir de quinta-feira.


Os anúncios geraram novos apelos para que o governo apoiasse financeiramente uma economia em crise.

Mas as novas medidas apresentadas pelo ministro chegam tarde para alguns.

“Melhor tarde do que nunca, mas a indecisão do governo já provocou a perda de muitos postos de trabalho e causou enorme e desnecessária ansiedade entre milhões de trabalhadores”, lamentou Manuel Cortes, secretário-geral do TSSA, o sindicato dos transportes, um dos setores mais afetados pela crise.

“Pedimos uma ação ousada do governo e continuamos preocupados, porque seis meses é um tempo muito curto para realmente estabilizar as empresas e os empregos”, frisou.


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